Ministradas desde março de 2013 pelo Banco Central (BC) em um longo tratamento para debelar a inflação interrompido apenas no período eleitoral, as doses de juro parecem ter chegado ao fim. A alta sem surpresas de 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) coloca a Selic em 14,25% ao ano, a aposta da grande maioria dos analistas ouvidos pelo Boletim Focus como patamar definitivo em 2015, embora ainda exista quem coloque suas fichas em mais uma pitada de 0,25 em setembro.
Juros sobem para 14,25% ao ano e atingem maior nível desde 2006
Entenda como a alta do juro impacta a economia e o cotidiano
Para Fernando de Holanda Barbosa, professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), como a inflação alta agora é resultado principalmente de preços represados pelo governo no passado, que não devem se repetir em 2016, a lógica - salvo novas surpresas econômicas e políticas - é de o BC ter encerrado ontem o ciclo de aperto monetário.
- Há retração no mercado de trabalho, desaceleração nos preços, dos serviços e os analistas já estão antecipando uma inflação próxima a 5,5% no próximo ano - justifica Barbosa.
Para quem se aborrece com a linguagem hermética, nunca é demais lembrar os efeitos da Selic no dia a dia. Embora a elevação seja considerada necessária para combater a alta dos preços, tem o efeito de veneno para empresas e consumidores. Torna mais caro buscar recursos para investir, deixando ainda mais débil a recuperação da economia e do mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, eleva o juro em todas as modalidades de crédito e complica a vida de quem está pendurado, por exemplo, no cartão de crédito.