O cinema vem sendo pródigo em cenas agressivas com notas de dinheiro rolando, numa ostentação grosseira do poder de compra, como se viu Leonardo DiCaprio fazer em O Lobo de Wall Street.
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Marie-France Lecherbonnier, em seu Guide de Etiquette, escreve que falar socialmente em dinheiro é um tabu para os franceses. Na verdade, essa é uma regra de domínio universal. Ninguém de bom senso gosta de ficar falando dos seus bens, nem pergunta a um amigo quanto ele ganha.
Abrir a carteira cheia de cédulas para pagar a despesa do restaurante, deixando-a bem à vista, é deselegante. Sentado à mesa, vira-se o corpo um pouco de lado, deixa-se a carteira pouco acima dos joelhos e, discretamente, se entrega as notas ao garçom.
O cartão de crédito veio resolver muitas situações como esta. Nesse caso, o mais correto é assinar o comprovante na capa do menu e não direto na mesa.
A tradição do uso do envelope ilustra bem o recato em relação a dinheiro dado de presente. É como se estivesse empacotado. Com cheque se faz o mesmo. E aqui vale lembrar o cheque-presente instituído por muitas lojas como boa ideia - desde que a escolha da loja recaia sobre um estilo de artigos condizente com o tipo de pessoa que será presenteado. Deve haver intimidade para usar dessa modalidade.
Faz parte da boa educação dada a uma criança propiciar-lhe desde cedo uma pequena mesada para ela aprender que há valores determinantes dos limites para adquirir os objetos do seu desejo. Nada cai do céu e, a partir do controle de um pequeno orçamento, surgirá na fase adulta a responsabilidade e a liberdade pessoal.
:: Como dividir a conta do jantar em grupo se uns bebem e outros não?
A melhor solução é combinar antes, avisando o garçom que cada casal terá sua conta. Na maioria das vezes, essa providência não é tomada. A proposta é dividir igualmente entre todos, exceto quando alguém observa que uma das pessoas não bebeu nem comeu sobremesa, por exemplo. Então, cabe a essa pessoa manifestar sua preferência.
:: Como agir quando uma amiga insiste em pagar sempre ingressos e lanches da outra?
Se essa amiga possui maior poder aquisitivo, não se insiste sempre em dividir a despesa, que, afinal, não é grande. Mas, chegado o limite de não mais se sentir à vontade, é mencionado o constrangimento. E essa amiga afortunada deve entender. É uma questão de manter um clima confortável da relação amistosa. Retribuir com um presente também vale.
:: Era assim....
Na Marinha americana, um marinheiro bêbado era considerado feliz. Por isso, chamavam-no "happy". Em 1920, com a lei de proibição do consumo de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, os homens de classes mais altas refugiavam-se em bares clandestinos para tomar uísque e coquetéis, como relax após o trabalho. Quando, em 1960, os bares deram descontos no valor das bebidas para aumentar seu movimento, das 17h até a hora do jantar, este horário foi chamado de Happy Hour.
Hoje é assim...
O hábito foi absorvido mundialmente pelos bares de sofisticados hotéis de Nova York a Paris e, pouco a pouco, as mulheres também entraram na onda de fazer happy hour. Em Porto Alegre, começou nos anos 1980. No alto verão, o restaurante Peppo está promovendo, às quintas feiras, a sua Ora Felice, com música produzida por DJ e lançamento de bebida, como o espumante rosé português Filipa Pato 3B, da região da Bairrada. A Ora Felice acontece no Scantinato, um porão com agradável ar refrigerado.
:: Boa ideia
Numa dieta alimentar de alto verão (ainda mais neste de 2014), é complicado resistir a sorvetes industrializados. Mas trata-se de uma questão fácil de solucionar: verta na forma de cubinhos de gelo o suco indicado por sua nutricionista e coloque a mesma no freezer. Vale também utilizar copinhos de vidro. Quebra bem o galho.
:: Etiqueta na prática
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Pais sem atenção
"Fomos jantar num elegante restaurante de Porto Alegre. Em uma das mesas, havia um bebê em seu carrinho, que chorou sem parar, por mais de meia hora, sem que os jovens pais se tocassem. Quando pedi ao garçom que tomasse uma providência, ele respondeu que não podiam vetar a entrada de clientes. O que fazer?" JOSÉ
Se a sua mesa estava próxima à deles, sua mulher poderia ter levantado como se fosse ao toalete ou ao bufê. Ao passar pela criança, manifestar preocupação, fazendo um comentário com a mãe: "Quem sabe o bebê está com cólica? Mudar de posição às vezes acalma a criança". É o que também poderia ter feito uma das atendentes do restaurante. O garçom foi grosseiro, poderia ter pedido a uma colega para tomar essa atitude.
Lagoa, 17h
"Qual estilo de traje seria mais apropriado para uma festa de casamento, no próximo mês, num condomínio à margem de uma lagoa? O convite é para às 17h." ROSANE
Com bom tempo, o sol ainda está forte. Você deve seguir o dress code que está no convite e que, certamente, não é traje recepção, como se veste para uma festa de casamento marcada para o final do dia - ainda mais sendo fora da cidade. O vestido será decotado, leve, colorido. Sem conhecer seu tipo físico e faixa etária, é difícil dar sugestões. Pergunte a quem está organizando a festa também o tipo de traje para homem. Terno? Com ou sem gravata?