Estou lá, parada pacientemente no trânsito, quando começa a tocar uma musica antiga do Oswaldo Montenegro no rádio do carro. Pela primeira vez presto atenção à letra e, mesmo horas mais tarde, não consigo parar de pensar no que ela diz. Uma busca rápida no Google e descubro: a música chama-se A Lista, e fala de coisas importantes - fundamentais, até - que deixamos no passado. Um dos versos me bateu fundo:
Faça uma lista de grandes amigos,
Quem você mais via há 10 anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais..."
Comecei mentalmente a fazer essa lista. Voltei no tempo e trouxe à memória os rostos de grandes amigos - que jurei que seriam eternos - desde a época da adolescência. Por onde eles andam? Eram tão importantes na minha vida, e, hoje, muitos deles nem sei se estão vivos, se ainda lembram de mim, se recordam das nossas histórias, assim como eu faço nos momentos em que a saudade bate com força...
Como estão aquelas duas amigas de quem eu nunca me separava, lá no começo da adolescência, e que sabiam meus segredos mais secretos? Tantas vezes prometemos que nada nem ninguém nunca nos separaria, que a nossa amizade era mais importante do que tudo... Por que, afinal, a gente nunca mais se viu?
Depois, mais tarde, vieram os poucos e fiéis amigos da faculdade. Que fase boa, de tantas lembranças gostosas... Os bate-papos intermináveis, as trocas de confidências, os choros, as risadas, o apoio incondicional nos momentos difíceis. Amigos, onde vocês foram parar? Cada um seguiu seu caminho e poucas vezes nos reencontramos desde então. Não foi nada proposital, eu sei. Todos nós temos a mesma desculpa: falta tempo.
A vida é corrida. Faculdade, trabalho, família, casamento, filhos, compromissos em casa e na empresa, mudança de cidade, viagens, problemas de saúde, agenda lotada. Tudo joga contra. Estas atribuições consomem o nosso dia a dia, que entra numa rotina onde qualquer tempinho livre parece ser um desperdício. Então, nem percebemos que cuidar das boas amizades e ter tempo para elas é essencial para uma vida plena e feliz.
Pego a agenda telefônica e olho nome por nome. Quantos amigos queridos estão ali, do outro lado da linha, com quem não falo há meses (alguns, há anos)! Decido que, desta vez, não vou deixar pra quando tiver um tempo sobrando. A partir de agora meu lema passa a ser: amigo tem prioridade. Quero resgatar os laços enquanto ainda é tempo, e estar aberta a novas amizades também.
Obrigada, Oswaldo Montenegro.