Redação Donna
Ela sabe cuidar da casa, lavar, cozinhar, passar. É a responsável pela educação dos filhos. Recebe bem o marido e cria para ele um ambiente de conforto e compreensão. Cuida de si mesma, da sua saúde e da beleza.
Talvez esse modelo de mulher pareça ficção nos dias de hoje, mas, nos anos 1950, era assim que se imaginava a companheira e mãe ideal. O papel dela dentro da dinâmica familiar estava muito bem definido. Enquanto o homem era o provedor, que trabalhava fora para sustentar a família, a mulher ficava dentro de casa, cuidando dos filhos, das tarefas do lar e, claro, do marido.
– Em primeiro lugar, a mulher deve gostar de coisas de casa, querer ter filhos, ser boa cozinheira, ser ativa, simpática e bem cuidada – descreve Clarice Lispector no segundo livro de coletâneas de suas colunas femininas, Só para Mulheres, da editora Rocco.
Meio século depois, a dinâmica da família é outra, mais flexível. A mulher se inseriu no mercado profissional, tornou-se co-provedora e seu tempo deixou de ser dedicado exclusivamente aos cuidados do lar-trabalhoso-lar. Dentro dessa nova estrutura, a imagem da companheira ideal também mudou.
Mas mudou quanto, afinal? De acordo com pesquisa feita pela empresa britânica IVC para o Ideal Home Show, os futuros maridos do século 21 ainda têm muitas expectativas parecidas com a dos homens de 50 anos atrás. A qualidade campeã na opinião dos homens é também uma das mais procuradas na época das colunas de Clarice Lispector: habilidade no fogão. Cerca de metade dos entrevistados prefere se casar com mulheres que saibam cozinhar. Índice parecido com o de entrevistados que esperam que a companheira os lembre de datas comemorativas.
A pesquisa sobre a esposa ideal
Por sorte, de meio século para cá, nem tudo foi perpetuado na expectativa masculina. Uma das principais mudanças é a inserção da mulher em todas as decisões familiares, em especial as financeiras. De acordo com a pesquisa do IVC, 69% dos homens entrevistados disseram esperar que sua mulher exponha suas idéias e participe de todas as decisões.
– O casamento é considerado uma parceria, diferentemente de quatro décadas atrás – explica a psicóloga e professora da Universidade Federal do Paraná Lídia Weber.
O resultado difere bastante do perfil idealizado da mulher nos anos 1950, como representado no Guia da Boa Esposa, artigo de uma revista feminina da época. A publicação traz dicas para a mulher lidar com o marido e serviu de base de comparação para a recente pesquisa inglesa.
Os homens foram questionados sobre como eles imaginam a companheira ideal, e as mulheres tiveram de responder o que elas acham que é o ideal para eles. Em alguns casos, as respostas mostram como os gêneros pensam de forma diferente.