Uma grande obra se define não só pela própria qualidade - e também não apenas pelo impacto que causa na cultura. Uma grande obra se define pela comoção que provoca nos corações e mentes de todos os que entram em contato com ela.
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Por isso, nada que se queira dizer a respeito de Star Wars cabe no espaço de um texto pequeno. Star Wars mudou não só a história do cinema e da cultura pop, mas também a vida de muita gente no mundo inteiro. E nem me refiro somente aos fãs que fazem cosplay - os quais respeito muito e passei a admirar ainda mais nos últimos anos. No mundo inteiro, uma legião de técnicos e artistas encontrou o caminho da ficção científica e de suas maravilhas por intermédio da saga de George Lucas. Eu sou um deles.
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Em 1977, aos onze anos, eu já lia ficção científica, tanto em quadrinhos quanto em livros. Mas o que se publicava no Brasil eram traduções de livros escritos vinte anos antes. Eram utopias americanoides que não serviam mais para quase nada além de encantar os leitores com as descrições de naves ou de tecnologia tão avançada que parecia mágica. Mas, num belo dia lá pelo fim do ano, quando eu estava de férias em Minas Gerais, uma prima levou a mim e a minha irmã para passear numa galeria (shoppings como os conhecemos hoje eram coisa de - isso, ficção científica) e passamos na porta de um cinema onde havia um display enorme com dois robôs, uma garota com uma arma laser e um rapaz com uma espada luminosa. Confesso que pirei mais com os robôs, e pedi à minha prima que nos levasse para ver aquele filme.
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Minha vida, claro, mudou. Não só a concepção que eu tinha do gênero foi radicalmente alterada (porque eu já era fã de Star Trek, mas a tripulação multi-étnica da Enterprise não se comparava à variedade de raças alienígenas que era possível ver só na Cantina de Mos Eisley), como foi ali que tive o impulso que faltava para decidir que eu queria escrever ficção científica.
Trinta e oito anos se passaram. E de repente não é mais há muito tempo nem a galáxia é tão distante: o tempo é hoje, o local é aqui. Nesta quinta (17/12) estreia o sétimo episódio da saga: O Despertar da Força.
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Com todas as discussões que possam ser feitas em torno da nova trilogia que começa agora (já chamada de Sequel Trilogy ou Trilogia Sequência, em contraposição à original (os filmes IV, V e VI) e à Trilogia Prequel (I, II e III), ninguém discute uma coisa: O Despertar da Força é um dos filmes mais esperados de todos os tempos. Uns falarão bem (provavelmente a maioria), outros falarão mal (nem todo mundo gosta, é normal), mas todos discutirão este filme. Porque Star Wars, claro, é forte na Força.
Eu comecei essa saga como um garoto de 11 anos, cheio de sonhos, sem saber ainda o que fazer da vida. Nesta quinta (17/12), ao entrar em uma grande sala de cinema de São Paulo com meus óculos 3D, agora com 49 anos, este escritor de ficção científica que deve muito à saga criada e tocada tanto tempo por George Lucas vai conferir o que J.J.Abrams trouxe para contribuir para a saga.
A sessão vai começar. Se os leitores me derem licença, tenho um encontro com meu passado.
E com o futuro. Não só porque ainda teremos mais filmes (não só o XIII e o IX, mas filmes intersticiais, como Rogue One), mas porque, no fundo, no fundo, a saga nunca termina.
* Fábio Fernandes é professor da PUC-SP. Traduziu vários livros de Star Wars, como a Trilogia Thrawn e Kenobi, e é autor dos livros A Construção do Imaginário Cyber, No Tempo das Telas e o romance Os Dias da Peste, e editor da antologias Vaporpunk 2, As Cidades Indizíveis e We See a Different Frontier (Reino Unido).
Expectativa
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