
O Gigantinho passou na noite de quarta-feira pelo maior teste de resistência de sua história. Tanto em termos de empolgação quanto em termos pirotécnicos, o espetáculo do Kiss transformou o ginásio em um campo de guerra - com sangue, mas sem mortes, e em nome da diversão. Foi algo nunca visto no local, com fogos, explosões e chamas das quais era possível sentir o calor em boa parte do ginásio.
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Mais que um show, o Kiss promoveu uma celebração ao rock e à diversão em alta voltagem e volume máximo. Em sua segunda passagem pela Capital, a banda nova-iorquina com 40 anos de estrada abriu a turnê nacional de seu mais recente disco, Monster, com um espetáculo memorável, daqueles em que a vibração do público e a disposição dos músicos se retroalimentam ao ponto de causar faíscas e explosões - no caso do Kiss essa é uma reação movida a paixão que dá para se ver e ouvir.
Com a música Detroit Rock City, o Kiss começou seu show às 23h30min. Milhares de fãs do Kiss encararam uma longa espera para assistir ao show, previsto para as 21h. A fila única acompanhava o Parque Marinha do Brasil. Somente na área externa do Gigantinho, a entrada era dividida conforme o setor do ingresso. Quando o Rosa Tattooada começou a tocar, às 21h, mais portões foram abertos, o que gerou correria.
O motivo do atraso foi a demora da chegada de quatro carretas que vinham da Argentina, passagem anterior da turnê, e ficaram retidas na Alfândega com parte do palco do Kiss. A montagem desse material começou ainda durante o show de abertura, e só foi terminar bem depois dele.
Mas o atraso de duas horas e meia foi esquecido pelas cerca de 10 mil pessoas que se entregaram ao show - com um repertório que emendou, na sequência, Shout It Out Loud, Calling Dr. Love e Hell or Hallelujah. Os sessentões Gene Simmons e Paul Stanley, líderes e gerentes da corporação global que é o Kiss, costumam dizer que uma banda no palco, diante dos fãs, tem de dar o máximo e fazer valer o investimento, tanto do carinho que recebem de admiradores de diferentes gerações quanto da grana que estes investem no ingresso.
E os fãs de todas as idades, muitos deles mascarados como seus super-heróis do rock, comungaram dessa relação de confiança e respeito a eles dedicados. Simmons, no baixo, e Stanley, na guitarra, ambos revezando-se nos vocais, tinham a companhia dos jovens cinquentões Tommy Thayer, na guitarra e Eric Singer, na bateria. Quatro décadas de história passadas em revista com muito entusiasmo. I Love It Loud, com o coro que fez tremer o ginásio; Black Diamond, faixa do primeiro disco, que se encerra com a apoteótica ascensão às alturas do conjunto de bateria, e God of Thunder, com Simmons babando sangue falso, foram costuradas com algumas das pérolas entre as canções do novo disco, Monster, aclamado como melhor álbum da banda em anos.
Mas no que realmente importa, que é a dignidade e a bravura com que o Kiss carrega o estandarte "Rock and roll a noite toda e festa todo o dia", o exército que pegou em armas com a banda ontem à noite ajudou a fazer desta mais uma batalha vencida para entrar na história.
Após uma hora e meia de show, o encerramento foi em alto estilo, com o hino Rock and Roll All Nite seguida por chuva de papel picado, um ginásio enlouquecido, e Paul Stanley estraçalhando sua guitarra no palco para encerrar uma noite memorável desde o primeiro acorde..