Boa parte do público do Planeta Atlântida 2024 nem era nascida quando Os Paralamas do Sucesso já despontavam com seu segundo disco, O Passo do Lui (1984). É possível até calcular que os pais de muitos planetários eram crianças quando a banda estava desbravando a Argentina ou vencendo o Video Music Brasil (VMB) 1998, da MTV, de Melhor Clipe por Ela Disse Adeus.
Mas a barreira geracional aqui não foi problema: há mais de 40 anos que Herbert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) sabem bem como comandar um show vigoroso. Foi o que aconteceu neste sábado (3), no Palco Planeta.
A banda iniciou a apresentação às 20h05min com Vital e Sua Moto, do disco Cinema Mudo, lá de 1983. A partir daí, o que se viu foi uma retrospectiva de melhores momentos do grupo, algo que o trio vem realizando na turnê Paralamas Clássicos. Sem contar que a banda segue esmerilhando no instrumental, valendo destaque também para o tecladista João Fera.
A levada jamaicana passou a tomar conta da Saba a partir de Cinema Mudo, outro êxito de quatro décadas atrás. Ska, na sequência, manteve os planetários dançando. Com a radiofônica Lourinha Bombril, a euforia do público aumentou ainda mais.
Então, foi a vez do pop rock: Trac Trac, Cuide Bem do Seu Amor e a bela balada Aonde Quer Que Eu Vá – essa última fez muito planetário suspirar. Só que o que veio a seguir fez o público vibrar nós primeiros acordes: a inconfundível Lanterna dos Afogados. Nesse bloco, coube mais uma romântica: O Amor Não Sabe Esperar. Mas, antes, Herbert propôs:
— Vamos fazer de conta que estamos num lindo fim de tarde em uma praia na Jamaica, e uma banda começa a tocar algo assim.
Possivelmente foi atendido. O show seguiu com uma dobradinha de Tim Maia: Gostava Tanto de Voce e Você. Herbert, por sua vez, brincou:
— Agora uma canção do tempo que vocês não eram nascidos ainda.
Era a vez da impecável O Beco, do Bora-Bora (1988), com um show a parte de Bi, Barone e dos metais. A Novidade veio na sequência acompanhada da mesma brincadeira etária por parte de Herbert, acrescentando que foi composta com Gilberto Gil. O divertido reggae Melô do Marinheiro animou o Planeta, na sequência.
Depois, o rock dançante Alagados colocou os planetários para bailarem, com um show de percussão da banda culminando num final explosivo. Houve espaço aqui para um trechinho de Sociedade Alternativa, de Raul Seixas.
Herbert questionou:
— Vocês se lembram desta?
Todos lembravam. O naipe de metais deixa claro com três segundos que se trata de um hit: Uma Brasileira. E os planetários seguiram dançando.
A fusão de rock e reggae de Óculos incrementou ainda mais a festa, com o público respondendo à banda com muito entusiasmo, especialmente no refrão.
No final, o show acabou com o Planeta todo cantando uma música que completa 40 anos em 2024: Meu Erro, do disco O Passo do Lui. Poucos atravessam as décadas assim. Muito poucos.