Um dos mais prestigiados cineastas franceses da atualidade, Bruno Dumont deu um novo direcionamento a sua carreira depois da monumental e genial minissérie em quatro episódios O Pequeno Quinquin (2014), distanciando-se da narrativa austera, densa e mais naturalista de dramas como A Vida de Jesus (1997), A Humanidade (1999) e O Pecado de Hadewijch (2009). Em seu mais recente filme, Mistério na Costa Chanel (2016), o realizador retorna a temas constantes em sua filmografia – a violência social, os atritos entre classes e culturas diferentes, a confrontação moral e espiritual com situações extremas –, mas com uma embocadura menos hirta. Como em Quinquin, o longa em cartaz na Capital adota um tom mais farsesco e mesmo absurdo para contar a história de uma série de crimes cometidos em uma região da França distante das grandes cidades, cuja elucidação é menos importante do que observar o ácido painel desenhado de uma sociedade assentada em hipocrisias, pequenas grandezas e grandes mesquinharias. "Eu costumava trabalhar com um telescópio, agora eu trabalho com um microscópio", definiu Dumont sua comédia negra.
Humor bizarro
Canibalismo e decadência dão o tom da comédia negra "Mistério na Costa Chanel"
Filme é dirigido por Bruno Dumont, premiado cineasta francês
Roger Lerina
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