Observadores do céu ficaram fascinados ao longo de todo os Estados Unidos, nesta segunda-feira (21), enquanto o Sol se escondia atrás da Lua em um raro eclipse total que pôde ser visto de costa a costa do país pela primeira vez em quase um século.
"Perseguidores de eclipses" e observadores amadores se reuniram em diversas cidades ao longo do trajeto em que a totalidade do eclipse podia ser observado, uma faixa de 113 quilômetros de largura, passando por 14 Estados americanos, onde a Lua bloqueou brevemente toda a luz do Sol. A Nasa transmitiu ao vivo o acontecimento.
Festivais, festas em terraços, casamentos, acampamentos e encontros de astrônomos foram organizados para o que a Nasa esperava ser o eclipse mais bem fotografado e documentado dos tempos modernos, graças à era das redes sociais. Na página da agência espacial no Facebook, mais de 400 mil pessoas acompanhavam a transmissão ao vivo do fenômeno por volta das 13h50min. Pelo Twitter o número chegava a 32 mil.
Os vivas das multidões começaram às 17h16min (14h16min de Brasília) em Oregon, e expressões similares de alegria irromperam cerca de 90 minutos depois, quando o fenômeno terminou às 18h48min (15h48min de Brasília) em Charleston, na Carolina do Sul.
– É incrivelmente bonito. Me emocionei – disse Heather Riser, bibliotecária de 54 anos da Virgínia, que estava no Charleston's Waterfront Park.
No interior, mais de 100 mil pessoas se reuniram em Madras, no Oregon, cidade de 7 mil habitantes, onde os especialistas descreveram as perfeitas condições de observação.
– Esse é um acontecimento que só se vê uma vez na vida – declarou Chad Briggs, de 42 anos. – Precisamos começar a comer salada e ser saudáveis se quisermos ver o próximo eclipse!
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Muitas pessoas caminharam até o local para evitar os engarrafamentos. Alguns observadores prepararam o próprios equipamentos para conseguir ver melhor. No México, onde foi possível observar um eclipse parcial, astrônomos equiparam telescópios com lentes com filtro solar em parques e praças de várias cidades.
– Deixem os smartphones de lado e vivam esta experiência psicológica e fisicamente emocionante ao invés de aproveitá-la pela tela do celular – recomendou o famoso astrofísico americano Neil DeGrasse Tyson.
"Sobrecarga sensorial"
Em Washington DC, capital do país, o presidente Donald Trump observou o eclipse parcial - podia-se ver 81% do fenômeno - da Casa Branca ao lado de sua esposa, Melania, e de seu filho, Barron. Em determinado momento, o presidente olhou para o céu sem os óculos de proteção - o que não é aconselhável, segundo os especialistas.
Uma multidão de observadores se juntou no Museu Nacional Aeroespacial de Washington, onde telescópios solares foram disponibilizados para a ocasião. No centro de Charleston, o último ponto do caminho da totalidade, turistas marcaram pontos privilegiados na movimentada cidade.
– É muito empolgante – disse Kwayera Davis, de 34 anos, professora adjunta na Faculdade de Charleston.
Um bar colocou megafones tocando a música Total Eclipse of the Heart, de Bonnie Tyler.
– É um evento incrível, um tipo de sobrecarga sensorial – afirmou à AFP o "perseguidor de eclipses" Fred Espenak, astrofísico aposentado da Nasa, sobre o primeiro eclipse solar total que viu nos Estados Unidos em 1970.
O único momento seguro para olhar diretamente para o eclipse - e de maneira breve - é quando o Sol está completamente coberto. Todos devem usar óculos escuros apropriados, que são mais escuros do que o comum, ou um projetor com um pequeno buraco para ver o eclipse evitando o brilho do Sol.
No entanto, o tempo nublado e algumas tempestades impediram que observadores tivessem uma visão mais clara do evento, incluindo no Missouri. Os cientistas planejam estudar o eclipse para entender melhor a corona super quente, ou a borda externa do Sol.
Em Atlanta, na Georgia, onde a cobertura do eclipse foi de 98%, vários distritos do estado liberaram as aulas nas escolas. A preocupação do Departamento de Educação de Atlanta foi com a segurança na hora da saída. Um comunicado das autoridades do Estado justificou que as classes iam ser liberadas mais cedo, mas que os alunos que faltassem a aula não teriam o dia contado com ausência.
Segundo as autoridades, as ruas poderiam ficar escuras e sem a iluminação programada para as noites. Além disso, as escolas teriam que garantir que as crianças e adolescentes olhariam para o sol de maneira segura - usando os óculos de proteção.