Distante cerca de 4 mil quilômetros, em Los Angeles, o cientista e futurista Raymond Kurzweil falou para o público do Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre, em forma de um avatar. Falando para uma câmera, nos estúdios da Dreamworks (o estúdio de cinema que produziu, entre outros, a série de filmes de animação "Shrek"), Kurzweil falava para a platéia através de uma tela posicionada no fundo do palco do Salão de Atos da UFRGS.
Na primeira teleconferência holográfica realizada no Estado, o americano falou sobre avanços tecnológicos, apostou em nanotecnologia para curar doenças, como o câncer. Antes de dar início às explanações, o cientistas fez questão de deixar claro que não tem a pretensão de predizer o futuro.
- A sabedoria comum é que não podemos predizer o futuro. Dizer que empresa será bem sucedida, quem vai ganhar a copa do mundo, por exemplo, mas há certas coisas que conseguimos, coisas que tem a ver com crescimento exponencial e eu vou contar para vocês - disse Kurzweil.
Ele afirma que a humanidade é beneficiada pelo sequenciamento do genoma, classificado por ele como software da vida.
- Já temos tecnologia que pode mudar seus genes - competou.
De acordo com o cientista, as tecnologias vão se tornar duplamente mais potentes a cada ano e pelo mesmo custo. Ele declarou ainda que a nanotecnologia é o futuro e que ela atingirá o ápice daqui a 25 anos:
- Em última análise, tudo será nanotecnologia criada a partir de um arquivo de computador.
Respondendo ao uma pergunta do público, Ray Kurzweil falou sobre maneiras de deter o envelhecimento. Para ele, a saída é colocarmos dispositivos dentro do nosso corpo:
- Nano robôs vão estar na nossa corrente sanguínea, nos mantendo saudáveis.
Com relação às dificuldades enfrentadas pelos países mais pobres, Kurzweil se demonstrou otimista:
- Por enquanto temos divisão entre ricos e pobres, mas a divisão está se tornando menor na medida em que essa tecnologia avança. A tecnologia será mil vezes mais barata daqui a 10 anos.
A transmissão
No fundo do palco, sobre um pequeno púlpito, estava a imagem em tamanho natural do futurólogo considerado pela revista Foreign Policy como um dos 100 maiores pensadores globais da atualidade por "antecipar a tecnologia da vida eterna".
Sua voz era perfeitamente audível, e ele parecia estar atrás do púlpito, vestindo terno e camisa social com gravata e exibindo uma leve tosse que o fazia recorrer, de tempos em tempos, a goles de água num copo branco. Tratava-se, porém, de uma ilusão, ou, como prefere Kurzweil, de uma "presença virtual".
A imagem de Kurzweil aparecia também em tamanho maior nos dois telões dispostos ao lado do palco. O evento, realizado graças à colaboração da Sonda Telsinc, da Procempa e do CPD da UFRGS, foi precedido de quatro testes, o último dos quais havia sido realizado às 14h30min. Além do som direto, o público teve acesso a equipamentos de tradução simultânea para acompanhar a conferência.