De homem forte do governo Michel Temer a protagonista de uma operação que investiga fraudes na liberação de empréstimos da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima integra a galeria dos personagens que, sem mandato, ganham cargos em bancos públicos, mesmo sem ter qualquer experiência na área. O que falta em expertise, sobra em esperteza.
O loteamento político de cargos que deveriam ser ocupados por técnicos resultou no assalto aos bancos públicos. Nos últimos anos, o Banco do Brasil e a Caixa, assim como a Petrobras e os Correios, passaram de orgulho nacional a alvo de uma quadrilha que reúne líderes do PMDB, do PT e do PP, para citar apenas os mais numerosos.
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Caciques do PMDB e integrantes do círculo íntimo do presidente Michel Temer, Geddel e Eduardo Cunha, segundo a investigação da Polícia Federal, eram como sócios em operações fraudulentas na Caixa. Tratavam a coisa pública como se fosse mais um dos seus negócios privados. O petista Henrique Pizzolatto, o amigo do ex-presidente Lula, que fugiu para Itália usando o passaporte do irmão morto, foi condenado por operar um esquema de fraudes no Banco do Brasil.
Geddel era vice-presidente da Caixa. Sob seu comando tinha uma mina de ouro: as relações com as empresas. Para quem não associa nome à instituição, a Caixa é aquele banco público que centraliza os depósitos do seu, do meu, do nosso Fundo de Garantia.
O ex-ministro caiu nas garras da Polícia Federal porque foram encontradas mensagens comprometedoras em um celular de Eduardo Cunha e porque outro ex-vice-presidente da Caixa, Fabio Cleto, fez acordo de delação premiada e entregou os velhos companheiros.
A suspeita de envolvimento de Geddel só veio a público porque ele perdeu o foro privilegiado quando deixou a Secretaria Geral de Governo, envolvido em outro escândalo, o de pressionar um colega, o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, a burlar a lei para autorizar um empreendimento imobiliário em Salvador, desrespeitando as regras de preservação do patrimônio histórico.
O nome da operação da PF é uma pergunta em latim: Cui Bono? Em português significa "a quem beneficia?". A resposta, pelo que se conhece até aqui é simples: aos de sempre.