Desde os primeiros momentos da queda de Cabul, no domingo (15), imagens circulam na internet de aviões de ataque A-29 Super Tucano, fabricados pela Embraer, como pano de fundo para combatentes talibãs posarem para fotografia.
Uma delas mostra 10 guerrilheiros da milícia fundamentalista islâmica à frente de uma aeronave na base aérea de Mazar-i-Sharif, quarta maior cidade do Afeganistão, com 500 mil habitantes e que caiu no sábado (14) sem resistência.
Ela foi originalmente postada por Joseph Dempsey, pesquisador associado para temas de defesa e militar do International Institute for Strategic Studies (IISS), com sede em Berlim, e logo passou a aparecer em grupos de estudiosos, analistas militares e jornalistas mundo afora, inclusive no Brasil.
Dempsey também publicou a informação segundo a qual outro avião de fabricação brasileira, também Super Tucano, foi abatido pela força aérea do Uzbequistão, após ter entrado ilegalmente no espaço aéreo do país vizinho. A agência de notícias Reuters confirmou a queda da aeronave, no domingo (15), na província de Surxondaryo, citando fontes uzbeques. Os tripulantes ejetaram e teriam sido levados para o hospital.
Mas como os Super Tucano brasileiros foram parar no Afeganistão? Simples. Os aviões foram produzidos pela Embraer nos Estados Unidos e entregues à empresa local, Sierra Nevada, que os forneceu ao governo agora deposto do presidente Ashraf Ghani. Uma primeira leva foi comprada por US$ 428 milhões em 2011. Outra, menor, por US$ 130 milhões.
A frota é integrada por 22 aparelhos. Segundo os Estados Unidos, pelo menos 14 foram levados para o Uzbequistão em uma fuga iniciada pelos próprios pilotos. Um deles caiu. A imagem que mostra uma das aeronaves com o Talibã à frente ilustra que pelo menos essa estaria em poder da milícia.