
Diante dos sinais de que haverá ao menos tentativa de entendimento entre Planalto e Congresso para construir um substitutivo aceitável à proposta do governo de reforma da Previdência, e de que serão votadas medidas provisória sob risco de perder validade, o mercado financeiro teve certo alívio. O dólar finalmente cedeu nesta terça-feira (21), pela primeira vez desde sexta-feira passada . Recuou 1,3%, mas ainda ficou acima de R$ 4, fechando a R$ 4,048.
Como previam os analistas, a cotação tende a estacionar durante algum tempo nessa órbita até que investidores e especuladores se tranquilizem, depois do aumento de tom na retórica belicista em Brasília. A bolsa de valores teve ontem o segundo dia de recuperação. Com alta de 2,6%, voltou ao nível de 94 mil pontos. Na sexta-feira, havia perdido esse patamar. Nos úlitmos dois dias, avançou quase 7%, refletindo a expectativa de distensão. Até a decisão do presidente Jair Bolsonaro de não participar das manifestações convocadas para o próximo domingo, pelo núcleo mais radical do governo, ajudou a melhorar o humor no mercado financeiro.
É mais uma oportunidade para o presidente de verificar que a governabilidade do Brasil depende, e muito, de seu comportamento. Na sexta-feira, Bolsonaro compartilhou pelo Whatsapp um texto que afirmava que, “sem conchavos”, o Brasil era “ingovernável”. O material circulou entre analistas, investidores e especuladores, contribuindo para levar o dólar ao nível acima de R$ 4 e a bolsa, para menos de 90 mil pontos.
A sensação de Brasil mais governável Todas as ações de estatais se valorizaram muito, na contramão do auge da crise da semana passada: Banco do Brasil subiu 5,6%, Eletrobras avançou 4,9% e Petrobras avançou 2%. Depois do fechamento, surgiu a informação de que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou o rompimento com o líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (PSL-GO).
Como o parlamentar estava desgastado com a base governista e até no Planalto, essa atitude não deve comprometer a reaproximação entre o Executivo e o Legislativo. As preocupações com a falta de crescimento se mantêm, ao menos até que o IBGE anuncie o PIB do primeiro trimestre, no dia 30.