A diretora do ótimo filme Que Horas Ela Volta?, Anna Muylaert, fez uma excelente frase esses dias, num debate durante o Fórum Social Mundial 15, em Porto Alegre. Versava justamente sobre o filme dela, que, como o prezado leitor sabe, coloca em ação um enredo de alta potência crítica: família de classe superior em São Paulo tem uma faz-tudo em casa, uma empregada residente, representada pela Regina Casé; ela cuidou do filho do casal e goza daquela intimidade mesclada com indiferença que o Brasil conhece bem (e é ultraestranha fora daqui); e acontece que sua filha, Jéssica, criada em Pernambuco por dinheiro enviado pela mãe (que no mais foi ausente), agora resolveu vir morar em São Paulo, para estudar Arquitetura na USP, nada menos. E vem mesmo, e ao chegar constata, ao vivo, o que é a moderna segregação de classe em convivência estreita com a velhíssima subordinação social.
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