O Brasil comemora em 2022 o Bicentenário da Independência. Como sabemos, a história da separação de Portugal é recheada de mitos. O fato é que celebramos a data no 7 de setembro. Não imagine consenso na política, nem naquela época. Em 1822, os ânimos também estavam exaltados na província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
No novo livro Independência do Brasil pelas Províncias de Santa Catarina e São Pedro do Sul, o jornalista e historiador Nelson Adams Filho conta que eram três grupos políticos. Os corcundas ou pés-de-chumbo eram os portugueses fanáticos contra a separação. Os saldanhistas apoiavam o brigadeiro português João Carlos de Saldanha de Oliveira e Daun, presidente da Junta Governativa da província, contrário à independência. Os apoiadores da separação eram os constitucionalistas exaltados.
Cartas anônimas contra a independência do Brasil circulavam pela província de São Pedro. O responsável pela distribuição seria João Pedro da Silva Ferreira, ajudante de ordens do brigadeiro Saldanha. O vice-presidente da Junta Governativa, João de Deos Menna Barreto, fiel ao Príncipe Regente, tratou de comunicar à Corte no Rio de Janeiro. Ele assumiu o governo da província após saída de Saldanha, que partiu para o Rio de Janeiro e depois seguiu de volta a Portugal.
Na capa do livro, está uma aquarela de Cibele Souto Amade, feita com base em fontes e documentos históricos reunidos pelo escritor. Nos dá uma ideia de como era em 1822 a região da atual Praça da Matriz, na capital gaúcha. A torre esquerda da Igreja Matriz, por exemplo, ainda estava em construção, como descreveu o francês Auguste de Saint-Hilaire, que passou por Porto Alegre em 1821. A área era chão batido, sem qualquer estrutura de praça. Com base em documentos de Menna Barreto, em 12 de outubro de 1822, um sábado de sol, o povo ocupou a área em frente ao palácio do governo. Nesse dia, D. Pedro I foi aclamado imperador no Rio de Janeiro.
A apresentação do livro A Independência do Brasil pelas Províncias de Santa Catarina e São Pedro do Sul será no sábado, 16 de julho, às 10h, na Martins Livreiro (Rua Riachuelo, 1.300), em Porto Alegre.

Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)