Há dias a mídia recebe vídeos e telefonemas relatando curiosas movimentações militares nas avenidas de Porto Alegre. São sirenes, bloqueio de ruas, viaturas, tanques estacionados. Calma aí, se você está alarmado ou se torce por um regime autoritário: não é um golpe em marcha.
O Comando Militar do Sul (CMS), órgão do Exército que controla mais de 50 mil militares no Sul do país, realiza em Porto Alegre um treinamento dos batedores vinculados ao 3º Batalhão de Polícia do Exército. Você sabe, aquele pessoal que bloqueia as vias para que viaturas pesadas possam passar pelos semáforos em comboio.
O treino inclui deslocamento de viaturas e até caminhões de transporte de blindados, para simular como deve atuar a PE. Em abril movimentação de blindados já tinha chamado a atenção, mas era Dia do Exército.
Um dos leitores perguntou, intrigado, o que faz um tanque enorme estacionado na confluência das avenidas Ipiranga e Salvador França? Nada demais. É um tanque Osório, um gigante de fabricação brasileira. Ele está lá em exposição há anos. Por vezes é deslocado de um lado a outro do pátio do quartel onde virou monumento, o 3º Regimento de Cavalaria de Guarda, cujo apelido é o mesmo do blindado, Regimento Osório.
O blindado já esteve mais exposto, numa praça. Foi recolocado para a parte interna do quartel anos atrás, na época dos protestos realizados pelos black-blocs, após o tanque ser vandalizado: teve a parte externa riscada e algumas peças foram furtadas, como os faróis e a tampa do lançador de granadas.
Mesmo quando o curso de batedores acabar, é provável que a movimentação de viaturas do Exército continue. É ano de eleição e muitas vezes os militares treinam para missões de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). É quando são deslocados para proteger prédios públicos, com destaque para pontos estratégicos, como refinarias, aeroportos, portos. É uma precaução contra distúrbios de rua, sempre no radar em períodos de tumulto político. Oxalá não ocorram, mas o adestramento é necessário.
A respeito de golpe, a cúpula militar já se manifestou: não está no horizonte e os vencedores das urnas governarão. Então, tá.