O salto de 300% no número de armas nas mãos de civis é motivo de comemoração em um evento nacional realizado em Florianópolis (SC). A capital catarinense sedia desde terça-feira o Congresso de Operações Especiais (COP Internacional), um encontro de adeptos do uso de armamentos para defesa pessoal.
Conforme estatísticas da Polícia Federal, exibidas no encontro, em 2021 foram expedidos 204,3 mil registros de novas armas no país. É um recorde e também um crescimento de 300% em relação às 51 mil armas registradas em 2018, antes de Jair Bolsonaro se eleger, com muitos votos dos que defendem facilidades na aquisição de armas por parte do cidadão comum.
Só no ano passado foram licenciadas 13,5% das 1,5 milhão de armas de fogo registradas no país. Não por acaso, o COP teve como palestrante, na abertura, o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Ele fez uma relação direta entre o aumento na circulação de armas e a diminuição do número de homicídios no país, no período recente (a queda foi de 7% no ano passado). “Mais armas, menos crimes”, foi o tema da fala do parlamentar.
Especialistas contrários ao aumento da circulação de armas acreditam que a redução de homicídios é causada por outros fatores, como acordos territoriais entre facções do crime e a própria pandemia, que reduziu a circulação de pessoas. Eles alertam que mais armamento nas ruas pode propiciar homicídios circunstanciais, como os passionais e no trânsito.
Argumentos que não abalam quem vai à feira bélica de Florianópolis. O COP é uma espécie de Disneylândia dos defensores de armas para o cidadão, só que com entrada grátis. Isso é possível porque, em paralelo ao congresso, ocorre uma feira onde mais de cem empresas líderes do setor bélico, tático e de tecnologia apresentam seus produtos, o que dispensa cobrança de ingressos.
O congresso termina nesta quinta-feira (24).