Subsecretário de Mercados Agropecuários do Ministério da Agricultura da Argentina, Jesús Maria Silveyra participa do 26º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, de domingo (22) a terça-feira (24), em Campinas (SP). Em entrevista à coluna, falou sobre produção, exportação e mudanças políticas no país vizinho, fornecedor do cereal para o Brasil.
Qual a perspectiva para a safra de trigo na Argentina?
Estamos estimando uma produção para o ciclo 2019/2020 de cerca de 20,5 milhões de toneladas. Considerando estoque existente e consumo interno, a Argentina terá capacidade de exportação de aproximadamente 14 milhões de toneladas. Mais ou menos como o número deste ano, talvez um pouco menos, depende do tempo.
Quais são as condições de desenvolvimento da lavoura?
Não está ruim, mas precisamos de um pouquinho de chuva. Estamos em condições de prover ao Brasil. A estimativa é de que o Brasil importe um pouco mais, em razão dos problemas climáticos na produção do Paraná e do Rio Grande do Sul. Prevemos que precisará importar 7 milhões de toneladas de trigo.
A variação cambial poderá ter impacto sobre os embarques para o Brasil?
Nos últimos anos, a Argentina exportou mais de 5 milhões de toneladas ao Brasil. O restante embarcamos para outros destinos. A Indonésia é o nosso segundo importador, depois a Argélia, também temos o Chile como grande importador de trigo argentino. Eu penso que essa questão cambial não terá impacto para o Brasil.
Eventual mudança na presidência argentina (as eleições serão realizadas em 27 de outubro) pode afetar a política de exportações?
Acho que não. Tenho esperança de que o Macri (Mauricio Macri, atual presidente) seja reeleito, mas, se não for assim, as novas autoridades não trocarão a política do trigo, porque foi aprendida a lição do passado de colocar cotas, restrições à exportação. Não são convenientes porque terminam desestimulando a produção. E isso está bem claro hoje. A má política foi quando havia isso, a produção caiu drasticamente. O Brasil sentiu que a Argentina não era confiável.