A Educação Metodista teve seu pedido de recuperação judicial aprovado nesta segunda-feira (10). A autorização foi dada pelo juiz Gilberto Schäfer, da 2ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), que já vinha atuando no processo desde o pedido da cautelar antecipando os efeitos para proteger os ativos. O grupo tem, agora, 60 dias para apresentar seu plano de recuperação à Justiça e aos credores.
- Com a aprovação do pedido de recuperação judicial, ganhamos fôlego para reestruturar a Educação Metodista a fim de restabelecer nosso equilíbrio financeiro e retomar o crescimento - afirma Mauricio Fontoura, diretor financeiro da instituição.
A Educação Metodista foi criada em 1881. Desde 2015, enfrenta dificuldades financeiras com crises econômicas e a mudança no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), agravadas com a pandemia, diz o grupo de ensino.
Instituições seguem funcionando
Em entrevista à coluna há cerca de um mês, diretores da instituição garantiram que as unidades do Rio Grande do Sul seguirão em funcionamento mesmo na recuperação judicial, ou seja, não haverá o que o setor empresarial chama de "descontinuidade". Apesar de a sede ser em São Paulo, a presença no Rio Grande do Sul é forte. Atualmente, ela tem seis operações aqui no Estado, que ficam em Santa Maria, Porto Alegre, Passo Fundo e Uruguaiana:
- Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA) - Ensino Superior
- Faculdade Metodista Centenário / Santa Maria
- Colégio Metodista Americano / Porto Alegre
- Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo (IE)
- Instituto Metodista Centenário (IMC) / Santa Maria
- Instituto Metodista de Educação e Cultura (IMEC) / Uruguaiana
Seguindo o trâmite normal da recuperação judicial, o plano de reestruturação será apresentado a credores. Se aprovado, começa a ser executado. A maior parte da dívida de R$ 500 milhões é formada por créditos trabalhistas, seguidos por bancos e fornecedores.
- A prioridade por lei - e nossa também - é de quitação dos créditos trabalhistas. Queremos conduzir esse processo todo de uma forma muito séria, transparente e clara. E o Rio Grande do Sul é um foco de recuperação muito importante para nós - disse à coluna na ocasião o diretor Aser Gonçalves Junior.
Elaborado pela Educação Metodista juntamente com a consultoria Alvarez & Marsal e o escritório de advocacia Galdino & Coelho, o plano deverá apresentar propostas para a reestruturação do grupo e para o pagamento aos credores. A reorganização da instituição de ensino envolve ainda a implementação de um novo modelo de gestão e a desmobilização de ativos não-operacionais.
Entre os sócios do escritório Galdino & Coelho, está o desembargador aposentado Luiz Roberto Ayoub, bastante conhecido aqui no Rio Grande do Sul porque atuou na recuperação judicial da companhia aérea Varig. Atualmente, Ayoub é advogado do clube de futebol Figueirense também em um processo de recuperação judicial.
Planos para recuperação
Em linhas gerais, o plano de recuperação incluirá uma organização da gestão, o que sempre inclui redução de despesas e busca por mais receita. Além disso, serão vendidos ativos que não têm operações de ensino, como imóveis não ocupados ou áreas não usadas em campus. Entre eles, está parte do terreno onde fica o Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA), em Porto Alegre. Outras parcerias para investimentos também serão estudadas, diz o diretor Maurício Trindade. Ele cita, por exemplo, uma parceria com uma construtora de Santa Maria para erguer um prédio de apartamentos no local onde ficava uma estrutura destruída em um incêndio em 2007.
Atualmente, a Educação Metodista tem 2,5 mil alunos matriculados nas suas instituições no Rio Grande do Sul. Mas chegou a ter 15 mil estudantes no auge, por volta de 2010. São 487 funcionários agora, incluindo professores.
Igrejas
Há duas semanas, o juiz Gilberto Schäfer incluiu a proteção às igrejas metodistas na recuperação judicial do grupo Metodista. As instituições religiosas passaram a fazer parte do processo, embora não estejam em recuperação.
- Mais uma vitória importante e inédita para a Metodista. Dessa forma, as igrejas são incluídas no stay period, mas não se encontram propriamente no quadro de insolvência. Uma interpretação que se adequa à realidade - ressalta Luiz Roberto Ayoub.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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