Francisco Marshall
Tò méson significa, no grego clássico, o meio, a justa medida, o ponto de equilíbrio, a média e também a posição ponderada, que não recai em extremos. No meio está o centro, local de convergência, a referência que pode ser acessada e compartilhada plenamente. Em nossa anatomia, tò méson é o umbigo, de onde veio nossa força vital e onde os antigos acreditavam atarem-se os membros do corpo; se aplicarmos à mente, trata-se de um estado de pensamento descrito em virtudes clássicas, a prudência (phronésis), a temperança (sophrosyne) e a justiça (dikaiosyne). E se pensarmos na pólis, o modelo de Estado com liberdade emancipada, tò méson é a ágora, uma área pública central para onde todos podem ir trocar bens e opiniões, livremente, complementada pelas instituições legislativas e judiciais, públicas. Na cidade e no mundo em que vivemos, diante dos desafios da política e nas arenas de ambições e opiniões, onde está o centro, o que vem a ser a justa medida, tò méson?