Francisco Marshall
Era noite de magna borrasca; entre mil raios, rugiam velozes ventos, pavorosos. O uivo de lobos e acres feras afastara ninfas e deidades do bosque; em suas tocas, no oco dos carvalhos, corujas piscavam assustadas. Era prenúncio de portento mórbido, mas, por conjura dos fados, ocorreu 13 dias antes do previsto o parto inglório, em que um monstro nasceria (teratogênese); nesses casos, dão-se reveses, e tudo piorou com o passar das horas. Em torno do ser malsão ali gerado, magos malévolos celebravam com taças de fel, quando um deles tomou-o em suas garras e o ergueu aos espíritos noturnos, entre imprecações malignas. Uma gralha aturdida voou e defecou em sua boca, prenunciando a qualidade das falas que dali proviriam. Que monstro aparece nesse mito? Um tal que não cabe na literatura nem deveria caber na História, jamais.
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