Eliane Marques
Segundo o itan Atorun Dorun Esu, no primeiro dia de seu nascimento, Exu comeu todos os preás; no segundo dia, comeu todos os peixes; no terceiro dia, comeu todas as aves; no quarto dia, disse que queria comer carne e comeu toda a carne de animais de quatro pés que havia; no quinto dia, sua mãe, Yebiiru, aceitou que ele a devorasse. Ao pressentir que também seria devorado, seu pai, Orunmilá, recebe do babalaô orientação para fazer oferenda (uma espada, um bode e 14 mil cauris). No sexto dia, antes de ser devorado por Exu, Orunmilá puxa a espada e Exu corre. O pai persegue o filho pelos nove espaços do Orum até que, no último, fazem um acordo: o filho restitui a mãe e promete ajudar a restituir das mãos de todas as pessoas do mundo cada um dos animais que comeu. Exu teria provocado um desequilíbrio cuja compensação se imporia a ele por meio da devolução – essa a sua dimensão Elebó, quer dizer, senhor das oferendas e força primordial da restituição.
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