Carlos Gerbase
Há milhares de idiomas na Terra. Embora muitos deles sejam semelhantes, como português e espanhol, devido às mesmas raízes linguísticas, só podemos ler um texto numa língua não aprendida na infância (ou não laboriosamente estudada) graças ao trabalho dos tradutores e tradutoras. Quase sempre discretos, eles fazem o milagre de oferecer boa parte da cultura escrita mundial a cada mono-falante do planeta. Existem ainda evidentes desequilíbrios entre o que é traduzido de cada idioma, fruto de desigualdades econômicas e mentalidades colonialistas. Mas esse cenário começa a mudar. Li recentemente (em português) uma ficção-científica chinesa, traduzida a partir da versão norte-americana por Leonardo Alves. Esse passo intermediário não é ideal. Porém, como ensina Umberto Eco em Quase a Mesma Coisa, qualquer tradutor, por mais dedicado que seja, estará sempre no quase. De Cixin Liu, portanto, eu li o quase do quase de O Problema dos Três Corpos. Mesmo assim, foi uma linda experiência.