Encravado no pico do Morro Santana, na Zona Leste, encontra-se a 311 metros de altitude o ponto mais alto de Porto Alegre. O acesso ao local é viabilizado a cada dois meses por uma trilha organizada pelo programa de extensão Preserve o Morro Santana, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A aventura permite a qualquer indivíduo conferir o marco geográfico e o pôr-do-sol em uma das vistas mais belas da capital gaúcha.
Criado em maio de 2021 a partir de movimentos já existentes na comunidade, o Preserve o Morro Santana é um projeto que ajuda moradores do bairro a resguardarem fauna e flora, valorizarem a história local e promoverem a economia do bairro de cerca de 20 mil habitantes, segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Programa de extensão” é o nome dado por universidades às atividades voltadas à população em geral que não estuda na instituição – uma forma de ajudar as necessidades da sociedade com conhecimentos gerados por pesquisadores.
No caso do programa Preserve o Morro Santana, coordenado por professores dos cursos de Ciências Biológicas e Ciências Sociais, entre outros, a ideia é capacitar moradores do bairro com cursos, levar estudantes de escolas e porto-alegrenses em geral à região, proteger a natureza e reverter a visão negativa sobre uma área da capital gaúcha ainda associada à violência. Estudantes da UFRGS que moram no bairro fazem parte do projeto.
Entre as ações, estão as ecotrilhas bimestrais, que conduzem aventureiros por dentro da Vila das Laranjeiras e, na sequência, por mata atlântica e pampa do Morro Santana. A caminhada mais recente aconteceu no domingo (16) e foi acompanhada por GZH – cerca de 30 pessoas percorreram 5,3 quilômetros de distância de dificuldade moderada ao longo de 4h30min, contando algumas paradas.
– Queremos fazer uma ressignificação do olhar do morro. Há um estigma de que tem violência aqui, mas queremos proporcionar uma visão diferente. As pessoas passam na frente do morro sem saber a importância e a beleza. Numa trilha como a de hoje, trazemos o contexto sociocultural e também conhecimentos de história, geologia e botânica — diz a guia Aline Medeiros, moradora local e supervisora técnica de turismo no Preserve o Morro Santana.
A trilha começa na entrada do morro e adentra as ruelas da Vila das Laranjeiras, com falas históricas sobre a vinda da população ao local e os embates para obtenção de luz e água encanada, o que ainda não é a realidade de todos os locais – muitos ainda dependem de caminhões-pipa da prefeitura.
Após cruzar a comunidade e suas casas na encosta do morro, trilheiros adentram a mata atlântica, onde uma pausa de 15 minutos permite plantar mudinhas da flora nativa – no domingo, foram 13, de canela, guabiraba, mamãozinho-do-mato, entre outras.
— Achei um momento bem especial, o grupo estava bem unido. A gente pôde conhecer partes importantes do morro, porque passamos por ruas da comunidade, por ocupação, por trilha fechada e por trilha aberta. Foi legal para ter uma noção desse espaço natural da cidade e da importância dele. Teve aspectos de educação ambiental e de conscientização para a gente se conectar com a natureza que nos circunda — diz a professora de artes da rede estadual Roberta Campos, 39 anos.
Mais adiante, chega-se ao marco geográfico indicando o ponto mais alto da capital gaúcha. É uma zona que abrigava o antigo observatório de astronomia da UFRGS, e nessa etapa se ouve falas sobre o ecossistema local e o avanço da empreendimentos imobiliários na área. Por fim, o grupo caminhou até uma gigantesca pedreira com penhasco e foi brindado com um pôr-do-sol laranja e uma visão panorâmica de Porto Alegre, Gravataí, Viamão e Sapucaia do Sul. Uma apresentação de música brasileira finalizou o passeio.
— O Morro Santana é um dos pontos mais importantes de Porto Alegre. Foi o último granito que se formou na região, entre 550 e 600 milhões de anos atrás. A partir desse morro, vieram os segmentos que formaram a cidade. A origem de Porto Alegre está aqui. Queremos mostrar a importância do Morro Santana e da vegetação, que têm elementos importantes e que precisam ser preservados — diz Teresinha Guerra, vice-coordenadora do programa e professora de Ecologia na UFRGS.
Como entrar em contato?
Escreva um e-mail para preservemorrosantana@ufrgs.br, uma mensagem no Facebook Preserve Morro Santana ou no Instagram @preservemorrosantana.
Quanto?
- Moradores do Morro Santana: grátis
- Estudantes da graduação da UFRGS: R$ 15
- Estudantes da pós-graduação da UFRGS: R$ 20
- Professores e servidores da UFRGS: R$ 35
- Comunidade externa: R$ 25