Com uma abertura emocionante, tiveram início, nesta sexta-feira, as Olimpíadas de Paris. Competindo em 39 modalidades diferentes, 276 atletas brasileiros marcarão presença nos jogos. Em 2024, o maior evento do esporte mundial garante novidades e muita vibração.
O tênis, o breaking e a ginástica artística são algumas das modalidades olímpicas que prometem muitas emoções. Nessa série de reportagens, Zero Hora apresenta as histórias de três jovens atletas de Porto Alegre e explica como funcionam esses esportes.
Muita energia e falta de disciplina. Foi nessas condições que Yuri Calçada Bastos, 15 anos, começou a jogar tênis quando ainda era criança. Considerado rebelde pelos professores, foi no esporte que ele encontrou a chance de melhorar o mau comportamento. Mas as quadras fizeram mais do que ensinar bons modos para Yuri: elas deram-lhe um caminho para trilhar no futuro.
Hoje, o atleta pensa em fazer faculdade de Educação Física e em atuar no projeto onde joga há cinco anos, o WimBelemDon. Localizada no bairro Belém Novo, a instituição promove a transformação social de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade que moram no extremo-sul da Capital. O tênis é usado para atrair os participantes mas, lá dentro, os jovens encontram diversas frentes de assistência e ensino.
— Aprender a jogar me ajudou a botar para fora os meus sentimentos. Aqui a gente tem psicólogos, eles me ajudaram nessa trajetória de conseguir me expressar, de saber como agir, e a melhorar na escola. O tênis ensina qualquer aluno a ter mais postura e respeito. Não à toa, eu consegui me tornar um guri que faz amizades, que conversa mais com as pessoas — relata Yuri.
Foi esse apoio que mudou a vida de Yuri. Antes de ir para lá, ele praticava o esporte na escola onde estudava, que é conveniada a uma iniciativa que promove aulas de tênis, mas o mau comportamento do garoto fez com que ele tivesse que sair do projeto. Entretanto, foi incentivado a continuar fazendo uma prática esportiva. Por isso, ele e a tia buscaram o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do Extremo-Sul, que fica no bairro Chapéu do Sol, onde eles moravam na época, e ele foi encaminhado para o WimBelemDon.
Agora, o tenista e a tia moram no bairro Cristal, a cerca de 20 quilômetros da sede do projeto. São dois ônibus para ir e voltar do treinos, que acontecem de segunda a sexta. Ele é o único dos educandos que saiu da área de abrangência da iniciativa e conseguiu manter o vínculo. Esse é o tamanho do esforço de Yuri e da importância do tênis na vida do jovem. A persistência é uma marca na vida do menino.
— Quando eu entrei eu era pequeno, gorducho. Eu literalmente cresci dentro do tênis. No início, eu era muito mal educado, ficava implicando com os colegas, falava muito palavrão, e era chamado na sala da dona Lu (gerente do projeto). Assim como não é um esporte difícil, só tem que ter paciência para conseguir aprender. Eu me esforcei muito, e o tênis me mudou.
Yuri valoriza a ajuda dos educadores que deram a oportunidade de ele se desenvolver. Dos professores de tênis aos profissionais de assistência social e administração do WimBelemDon, as pessoas que passaram pela sua vida fizeram com que ele encontrasse, dentro da quadra, uma casa.
Conheça o esporte
O tênis pode ser jogado individualmente (simples) ou em duplas. Nas Olimpíadas, há as duas modalidades na categoria masculina e na feminina. Também existe a categoria mista em dupla. A cordialidade faz parte da cultura do tênis, tanto na quadra quanto na arquibancada. Não são toleradas provocações, desrespeito e atitudes agressivas. Quando algo assim acontece, os atletas sofrem advertências. A plateia se mantém em silêncio para não atrapalhar a concentração dos jogadores.
— Tênis é paciência. Quem fica afobado acaba errando antes, tênis é sobre quem erra menos, e não quem bate mais forte. Mas tem diferentes estilos de jogo: dá para usar mais força, rebater mais lento ou mais rápido, por exemplo — explica Vitor Schneider, 18 anos, um dos professores do WimBelemDon. Antes, ele participava do projeto como educando.
Set e games
Nas Olimpíadas, uma partida de tênis é dividida em três sets. O jogador que ganhar mais sets vence o jogo.
Os sets são compostos por games, que são os objetivos dos jogadores. Em um game, disputa-se quatro pontos. Para vencer o set, o tenista precisa ganhar seis games, tendo dois de vantagem (6x4, por exemplo).
Pontos
A disputa do ponto começa com um saque. Quando um jogador manda a bola para o outro lado da rede e o adversário não consegue rebater, ele "ganha" o ponto.
Os pontos não são contados de 1 em 1, como no vôlei, por exemplo. Cada ponto disputado tem um nome: 0, 15, 30 e 40. Por isso, diz-se que "o jogador tem 15 pontos", mesmo que não tenham havido 15 saques.
Nas Olimpíadas
Um dos principais palcos do tênis mundial fica em Paris, e é lá que serão disputadas as medalhas olímpicas pelos tenistas. O estádio Roland Garros foi construído em 1928 e possui 18 quadras de saibro.
Produção: Caroline Fraga