Com uma abertura emocionante, tiveram início, nesta sexta-feira, as Olimpíadas de Paris. Competindo em 39 modalidades diferentes, 276 atletas brasileiros marcarão presença nos jogos. Em 2024, o maior evento do esporte mundial garante novidades e muita vibração.
O tênis, o breaking e a ginástica artística são algumas das modalidades olímpicas que prometem muitas emoções. Nessa série de reportagens, Zero Hora apresenta as histórias de três jovens atletas de Porto Alegre e explica como funcionam esses esportes.
Superação é a palavra que define a trajetória de Christian Luís Rodrigues Dorneles, 17 anos. Morador da Lomba do Pinheiro, zona leste de Porto Alegre, a vida dele é a ginástica artística, esporte que pratica na Sogipa. A oportunidade de treinar em um clube tradicional da cidade veio há 10 anos, por meio de um programa social da prefeitura de inclusão esportiva para jovens em situação de vulnerabilidade.
O talento natural para as acrobacias foi percebido ainda na infância. Foi cedo o suficiente para que aquele pequeno jovem da periferia se tornasse campeão brasileiro da modalidade, na categoria pré-infantil, aos nove anos de idade. Desde então, as oportunidades só aumentaram. E, apesar das dificuldades, as conquistas também.
A dedicação de Christian é incansável: são dois ônibus para ir de casa até a Sogipa, e mais dois para voltar, o que resulta em quase quatro horas por dia no transporte público. É por causa disso, inclusive, que o ginasta falta a alguns dos treinos, que ocorrem de segunda a sábado. Ainda assim, o treinador Vardan Movsisyan, que acompanha Christian desde que chegou no clube, reconhece o bom desempenho do garoto:
— Ele é um bom menino, talentoso e vai ser muito bom para nós e para a ginástica.
Tímido, ele brilha mesmo é nos aparelhos. Devido ao destaque nos campeonatos ao longo dos últimos anos, o ginasta foi convocado para um estágio de treinamento promovido pela Confederação Brasileira de Ginástica Artística, que ocorreu em março. Também foi esse ano que ele passou a receber como atleta do clube. Com a bolsa, ele consegue ajudar nas despesas da casa onde mora com os pais e os três irmãos.
São muitas responsabilidades, mas o jovem atleta não se assusta com elas. Praticando há tanto tempo, o foco toma conta da sua rotina, e a adrenalina das competições o impulsiona. A ginástica já apresentou um mundo de oportunidades para Christian, que viveu coisas que não teria chance de fazer se não fosse o esporte:
— Viajar, conhecer lugares e pessoas. Nada disso seria possível — cita.
É com o incentivo de diversos apoiadores que o ginasta se mantém praticando o esporte. Além do investimento, ele conquistou a atenção dos profissionais do clube e de pais de outros atletas, que apostam nele como podem.
— Um pai abriu uma conta para ele no restaurante aqui do clube para ele almoçar, quando ele ficou sem dinheiro para as passagens de ônibus cada um foi ajudando um pouco… E a gente faz de tudo para fazer que, além de um bom ginasta, ele seja um bom cidadão — relata Vardan.
E é por isso que Christian sonha tão grande como é o seu talento. Entre um salto e outro, ele mira, sem medo, nas Olimpíadas. Até chegar lá, ele se empenha em superar, a cada dia, cada desafio.
Conheça o esporte
— É um dos esportes mais difíceis que existem — enfatiza o treinador.
As modalidades masculina e feminina da ginástica artística têm exigências diferentes, mas são igualmente desafiadoras. É preciso equilibrar força, flexibilidade e coordenação motora. Nas apresentações das mulheres, a coreografia e os elementos artísticos são critérios importantes de pontuação, enquanto na dos homens, a dificuldade dos movimentos é o mais relevante.
Para entender
A pontuação dos ginastas é composta pela nota de dificuldade e a nota de execução. As notas são somadas e, com isso, tem-se o resultado final.
Nota de dificuldade: cada movimento que os ginastas decidem fazer tem um valor, de acordo com a sua dificuldade. Quanto mais elementos difíceis, maior a nota de dificuldade.
Nota de execução: os atletas começam com 10 pontos, e esse valor vai diminuindo de acordo com os erros que cometem. Quem faz essa avaliação são jurados.
É por isso que pode acontecer de um atleta errar mais do que outro e, ainda assim, ter uma pontuação melhor. Significa que os movimentos que ele apresentou eram mais difíceis do que os do adversário.
Os ginastas ganham medalhas pela performance:
- Individual em cada aparelho (ouro no solo e prata na trave, por exemplo)
- Individual geral (a soma dos resultados em todos os aparelhos)
- Em equipe (soma-se o resultado de todos os atletas da delegação, e a medalha vai para toda a equipe)
Não se perca nos aparelhos:
Masculino: solo, cavalo com alças, argolas, salto e barras paralelas.
Feminino: solo, trave, salto e barras paralelas
Nas Olimpíadas
A ginástica artística é uma das grandes apostas de medalha do Brasil nas Olimpíadas de 2024. A ginasta Rebeca Andrade, 25 anos, é considerada uma das melhores atletas da modalidade em atividade no mundo. Os aparelhos em que ela se destaca são o salto e o solo.
Produção: Caroline Fraga