Comprado em leilão na segunda-feira (24), o Hospital Parque Belém, no extremo-sul de Porto Alegre, deve terminar o mês de maio com 60% da estrutura em operação. Isso porque três das cinco torres usadas para atendimento, segundo análise preliminar da nova proprietária, Associação Hospitalar Vila Nova, estão em boas condições e necessitam de poucas reformas.
Nessa primeira etapa, a perspectiva é de que sejam abertos 150 leitos. Ainda não há definição de números, mas a maioria deles será dedicada ao atendimento de dependentes químicos e pacientes psiquiátricos. Também haverá leitos clínicos.
— Saúde mental vai ser o foco inicial, porque não depende de muitos exames e porque, nessa área, existe um gargalo de atendimento em Porto Alegre — relata o diretor da associação, Dirceu Dal’Molin.
A entidade já administra hospitais como o Vila Nova e o Restinga, na zona sul da Capital, o posto de saúde Iapi, no bairro Passo D’Areia, e o Hospital Bom Jesus, em Taquara, no Vale do Sinos. Em vistoria realizada há cerca de 20 dias, um grupo técnico da associação hospitalar estimou que a reforma das três torres que voltarão a funcionar terá um custo aproximado de R$ 10 milhões. Conforme Dal’Molin, apesar de a nova proprietária dispor do recurso, será feita uma busca por apoio financeiro entre parlamentares.
— O vereador Giovane Byl já nos disse que vai disponibilizar R$ 366 mil, por emenda, para viabilizar a reabertura. Agora vamos atrás, falar com vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Tenho certeza de que vai dar certo, porque é um ganho para a cidade — destaca o diretor.
Uma facilidade da nova proprietária para colocar rapidamente em funcionamento o Parque Belém - futuramente rebatizado de Sinos de Belém - é justamente o fato de já administrar outros estabelecimentos na região. Para exames mais específicos, os hospitais Restinga e Vila Nova poderão servir de suporte, e a gestão do Parque Belém será compartilhada com o Vila Nova.
— A compra de insumos, a medicina do trabalho e a folha de pagamento serão tudo conosco (do Vila Nova). Vamos fazer uma gestão enxuta de pessoas, para não gastar nada que não seja extremamente necessário. O gasto será basicamente na área médica e na enfermagem — calcula o gestor.
O bloco cirúrgico do hospital já possui os equipamentos necessários. Os comprados recentemente para a unidade de terapia intensiva (UTI) foram deslocados para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, mas, segundo Dal’Molin, sequer foram utilizados. O governo do Estado também teria recolhido respiradores para usar durante a pandemia, que serão devolvidos quando for solicitado. Os equipamentos passarão por vistoria e recalibragem. Também devem ser contratados 300 técnicos de enfermagem.
Condições diversas
Nas imagens registradas durante a vistoria, é possível ver a diversidade de condições em que cada ala do Parque Belém se encontra. Enquanto há espaços, como o centro cirúrgico, que estão revitalizados e com pintura relativamente recente, em outros locais, como o anfiteatro, estão com pintura envelhecida e escurecida, falhas no gesso e marcas de infiltração.
Das duas torres que não serão reabertas em maio, uma está em condições muito precárias, de acordo com Dal’Molin, e a outra está com problemas, mas menos graves. Nesses espaços, as obras serão feitas aos poucos, sem previsão de conclusão. A mantenedora fará, ainda, um estudo da fiação elétrica, uma vez que, durante os anos em que o hospital ficou fechado, ocorreram furtos de fios no entorno.
Quando funcionar em sua plenitude, o hospital deverá contar com 300 leitos, sendo 80% a 90% deles oferecidos no Sistema Único de Saúde (SUS). Por enquanto, não há sinalização da prefeitura de que contratará leitos públicos no local. No entanto, o diretor da associação está confiante.
— É questão de dias esse acordo com a prefeitura, porque a cidade precisa comprar leitos, até para garantir a operação inverno. Atualmente, não há leitos disponíveis na cidade, e a demanda é grande. Podemos ajudar — acena Dal’Molin.
Em entrevista a GZH, o secretário municipal de Saúde, Mauro Sparta, afirmou que a pasta não possui orçamento para a contratação de novos leitos no Parque Belém. Ele disse, no entanto, que ainda avaliará a possibilidade de investir no empreendimento.