
O secretário da Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã desta segunda-feira (14), afirmou que houve um aumento de 20 mil consultas nas unidades básicas de saúde no segundo trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2016.
Segundo Harzheim, o aumento no número de consultas se deve a mudanças feitas pela secretaria. Entre elas, o apoio do Hospital Vila Nova – que permitiu tirar dos médicos de atenção primária a responsabilidade de atestar o óbito domiciliar em casos que não envolvem violência – e a diminuição do tempo de reunião de equipe das unidades de saúde, que tinha duração de um turno por semana. Esse período foi reduzido pela metade, para duas horas semanais.
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Entretanto, dados da Secretaria Municipal da Saúde apontam que há cerca de 90 mil pessoas esperando por consultas com especialistas em Porto Alegre e pouco mais de 25 mil aguardando por exames. De acordo com o secretário, para diminuir a fila de especialistas, a pasta atua principalmente nas áreas de dermatologia e oftalmologia, usando o recurso da telemedicina e do aplicativo criado pelo Telessaúde. Isso, segundo ele, reduziu em 50% a quantidade de solicitações de novas consultas para dermatologia, mostrando que os médicos de atenção primária estão conseguindo resolver os problemas de pele dos seus pacientes discutindo os casos com os dermatologistas que trabalham no Telessaúde.
O secretário disse também que a ortopedia é o próximo foco de intervenção. Ele afirma que uma das principais questões para diminuir a fila dessa e de outras especialidades é a regulação clínica.
– Boa parte dos casos poderia ser resolvido por médicos de atenção primária. E isso não é uma resolução baseada na minha opinião. Com o Telessaúde, conseguimos reduzir a fila de espera no atendimento de especialistas de 190 mil para 60 mil, fazendo uma regulação mais criteriosa de quem precisa ou não ver um especialista e dando apoio ao médico de atenção primária para resolver o problema na unidade de saúde – afirma Harzheim.
O secretário aponta solução parecida para resolver o problema da falta de pediatra nos postos. Ele defende que, com base nos sistemas mais modernos de atendimento do mundo, o primeiro atendimento deve ser feito por um médico de família e o encaminhamento ao pediatra deve ser solicitado em casos mais graves, que requerem especialistas na área.
– A maior parte dos problemas com crianças são resolvíveis no atendimento primário. Os enfermeiros, técnicos e agentes comunitários têm um papel muito importante nesses casos. Às vezes, há um desejo da família de ter um pediatra, mas estudos mostram que um médico de família bem preparado, junto a uma equipe multidisciplinar, consegue resolver essas questões – diz o secretário.
Emergências superlotadas
A respeito da superlotação das emergências, o secretário diz que a saída para resolver o problema depende da melhora na gestão, no fluxo dos pacientes e na oferta de leitos numa quantidade que seja possível para o orçamento da prefeitura. Questionado sobre a situação do Hospital Parque Belém, que ajudaria a desafogar outras instituições, Harzheim afirma que a resolução passa mais pela administração da instituição, que é privada com fins filantrópicos, do que pela secretaria. E que, enquanto a mantenedora do Parque Belém não conseguir uma parceria com operação que atenda SUS e convênios para assumir a gestão do hospital, não há uma solução que a prefeitura e o Estado possam dar.