Quase seis meses após ser lançado em parceria com a prefeitura de Porto Alegre, o aplicativo Capester já permitiu o envio de 6,1 mil vídeos com flagrantes de irregularidades cometidas por motoristas em ruas, avenidas – e até calçadas – da cidade.
Em média, os usuários do serviço que permite filmar e enviar infrações para a EPTC deparam com 1,1 mil condutores mal-educados por mês desde março. Os casos mais frequentes envolvem estacionamento em local inadequado, e os relatos estão servindo também para reforçar a fiscalização municipal em pontos de maior reincidência.
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Nem todos os vídeos enviados geram o envio de cartas educativas aos proprietários dos veículos pegos em situação inadequada, como prevê o acordo entre a Capester e a prefeitura. Só resultam em puxão de orelha virtual as gravações com boa qualidade e capazes de demonstrar claramente a irregularidade cometida, por exemplo. Assim, dos mais de 6 mil flagrantes assinalados em Porto Alegre, cerca de 1,4 mil resultaram no envio da correspondência.
Entre os casos apontados pelo dedo-duro digital e confirmados pela EPTC, o exemplo mais frequente de falta de educação dos condutores é o estacionamento em local proibido, que soma 66% dos registros submetidos, seguido pela colocação dos veículos sobre a calçada (21%) ou diante de rampas utilizadas por cadeirantes (5%) – o que dificulta a circulação de quem usa cadeira de rodas ou conduz carrinhos de bebê pela cidade.
– O retorno do projeto tem sido muito bom, há milhares de usuários e muita gente participando. As infrações de estacionamento são as mais enviadas porque são mais facilmente registradas pelo aplicativo, mas também porque estão entre as mais frequentes na cidade mesmo – afirma o assessor técnico da EPTC Augusto Langer, responsável operacional pelo projeto Capester.
Conforme dados gerais da EPTC, as irregularidades de estacionamento também são as mais anotadas pelos agentes de fiscalização do próprio, com 32% do total de ilegalidades. Langer revela que os dados coletados por meio do aplicativo estão servindo inclusive para orientar o trabalho de vigilância dos azuizinhos. Como alguns pontos da cidade têm se destacado no envio de vídeos por parte dos usuários, como as vias Hilário Ribeiro, no Moinhos de Vento, ou Sarapuí, no Cristo Redentor, essas regiões passaram a receber atenção especial.
– Os registros do Capester acabaram entrando na nossa rotina de fiscalização, é uma fonte a mais de informação para orientar o trabalho – observa Langer.
Assim, além de correr o risco de receber uma carta em casa com reprodução da imagem da irregularidade, os condutores mal-educados estão sob maior ameaça de levar uma multa de um azulzinho.
VIGILÂNCIA DIGITAL
22.255 usuários
6.182 vídeos enviados
1.453 cartas enviadas a motoristas após certificação dos vídeos
Infrações mais comuns
Estacionar em local proibido– 66%
Estacionamento na calçada – 21%
Estacionar diante de rampa para cadeirantes – 5%
Estacionamento em vaga de pessoa com deficiência ou idoso – 2%
Outros – 6%
COMO FUNCIONA O CAPESTER
- O Capester é um aplicativo desenvolvido por uma empresa de Israel que permite registrar vídeos, de forma anônima e sem necessidade de cadastro, de infrações de trânsito.
- Após documentar o flagrante, o usuário remete o material via internet para a Capester.
- A empresa faz uma primeira análise, verificando se o vídeo enviado tem qualidade suficiente para servir como evidência, por exemplo, e reenvia o material à EPTC, onde o vídeo é avaliado e validado.
- Se a infração é confirmada, uma carta é enviada ao responsável pelo veículo alertando sobre a infração, sem cobrança de multa, com objetivo de educar o motorista
COMO USAR
- O aplicativo está disponível para download nos sistemas iOS e Android, e pode ser baixado gratuitamente nas lojas virtuais App Store ou Google Play, respectivamente. O projeto coloca à disposição um canal para contribuições e sugestões pelo e-mail colabora@eptc.prefpoa.com.br