
Em um futuro distante, daqui cem ou 200 anos, uma cápsula do tempo poderá ser encontrada na Igreja Nossa Senhora das Dores, no Centro Histórico de Porto Alegre. Informações da época atual foram envelopadas dentro de um canudo de PVC e guardadas dentro da estrutura do altar, na Capela do Santíssimo, na manhã desta segunda-feira. No recipiente tem um exemplar da Zero Hora – que tem na capa a inauguração da capela restaurada – fôlderes e fotos contando a história da igreja, o projeto de restauração e duas moedas de R$ 1.
Quando a cápsula chegar às mãos dos próximos restauradores, eles terão contato com um tempo que não viveram. A ideia partiu da equipe que trabalha na restauração da igreja que resiste há mais de dois séculos. A restauração é minuciosa e se propõe a preservar cada detalhe pensado em 1807. Os construtores da época precisaram de 97 anos para concluir a obra.
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– Nem sempre os registros históricos que deixamos por meio de relatórios sobrevivem. Assim, o documento fica mais protegido e faz com que esse material chegue às gerações futuras para que saibam a história – contou a restauradora, Susana Cardoso.
A cápsula foi guardada dentro do altar da capela suplementar que ficou quase meio século escondido em um sótão. A estrutura, em homenagem a Santo Antônio Maria Claret, foi retirada em 1968, quando a igreja passou por uma transição religiosa. O altar foi encontrado em 2003, após uma revitalização.

– Como mudou a congregação na época, eles tiraram o altar e recolocaram neste ano. O uso agora é do Santíssimo Sacramento. Além de ter atualizado liturgicamente, a história foi preservada – completou o arquiteto responsável pela restauração, Lucas Volpatto.
A restauração completa da igreja, que prevê reforma do forro, pintura, preservação da capela-mor e das imagens de santos e implantação do Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI), deve terminar no final do ano. O projeto de R$ 1,5 milhão está sendo realizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura e financiamento da Braskem. A igreja também pretende investir R$ 2,5 milhões em um museu com relíquias deixadas pelos antepassados.