Moradores do Centro Histórico estão engajados em campanha para viabilizar uma horta coletiva livre de agrotóxicos. Divulgando a #liberaoterrenoprefeitura em redes sociais, o grupo criou um site, faz vaquinhas para a impressão de flyers e planeja realizar no sábado, a partir das 14h, uma manifestação em frente ao espaço reivindicado ao poder público, com direito a churrasco de vegetais.
A área almejada para a plantação comunitária corresponde ao número 66 da José do Patrocínio, perto do cruzamento com a Coronel Genuíno. Da rua, aparenta ser um estreito terreno desocupado, mas imagens de satélite na internet revelam um espaço pelo menos dez vezes maior, apelidado pelo grupo de "jardim secreto".
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Para solicitar o uso pelo período de cinco anos à prefeitura, os moradores até criaram uma associação com CNPJ, mas a negativa veio em outubro. O secretário da Fazenda em exercício, Eroni Numer, escreveu que "embora o projeto apresentado seja inovador, capaz de proporcionar transformações positivas para os moradores do entorno, o referido imóvel já está sendo destinado a ser utilizado por setores deste município".
A resposta não parece ter desmotivado os entusiastas, que não param de aumentar – a página da Associação das Hortas Coletivas do Centro Histórico no Facebook tinha 1.117 curtidas até a tarde desta quinta-feira. Entre eles está a professora Gerusa Marques Figueira, 34 anos, que hoje só tem espaço para cultivar alguns temperos dentro de potinhos na janela da área de serviço do seu apartamento.
– Eu gostaria de cultivar hortaliças, legumes, tudo que pudesse. Desde que nasceu a minha filha, eu penso mais na origem do alimento que está no nosso prato, nos nutrientes e na questão do agrotóxico – conta.
Lembrando que a pequena Isadora, 3 anos, já se envolve na hora de irrigar as mudas de alecrim, Gerusa destaca o ganho para as crianças do bairro, que poderiam participar do processo de cultivo:
– Seria muito legal propiciar para elas o conhecimento de que a terra nos dá alimento.
A jornalista e publicitária Carmen Fonseca, presidente da associação, ainda destaca o potencial da horta para unir os moradores do bairro e até mesmo para desopilar.
– Mexer com a terra é o maior antidepressivo que existe.
A Secretaria Municipal da Fazenda informou à reportagem que o imóvel está em negociação com o Departamento Municipal de Previdência dos Servidores (Previmpa), como forma de pagamento pela contribuição previdenciária referente à alíquota suplementar. Questionada sobre alternativas para a realização da horta, a pasta respondeu que a associação deverá identificar outro imóvel de interesse e que esteja disponível por parte do município para que seja buscada a solução.