Um levantamento feito por ZH sobre a criminalidade nos ônibus de Porto Alegre mostrou que a linha mais assaltada chama-se Transversal Quatro, mais conhecida como T4. De janeiro de 2013 a outubro deste ano, a rota foi alvo de 78 assaltos. Nesse mesmo período, o total de todos os ônibus da Capital foi de 1.103 assaltos, uma média de 4,6 assaltos por linha - muito abaixo da marca do T4.
Mas e nós, passageiros? É difícil medir objetivamente a violência com foco em quem usa o serviço, pois nem todas as ocorrências são registradas e os dados não são públicos. De qualquer maneira, quem anda de ônibus teme a violência.
A rotina do T4, o ônibus campeão de assaltos em Porto Alegre
Profissionais, ladrões conhecem detalhes do sistema das empresas
É o caso de Dafny Engroff, 21 anos, que usa o T4 há dois anos para ir para PUCRS, onde estuda Administração. Ela afirma que, embora nunca tenha sido assaltada, sempre senta no primeiro banco após passar a roleta, bem em frente ao o cobrador.
- Por segurança - diz.
De todas as estratégias relatadas à reportagem, a melhor tática para ser "pouco roubado" foi a do vendedor João Paulo Carniel. À noite, ele não usa fone de ouvido e tem sempre dois celulares: um Nokia X2, que não funciona e pode ser encontrado por até R$ 30 em sites como o Mercado Livre, e um Nexus 5 da LG, que vale cerca de R$ 1,3 mil. Em caso de problema, Carniel pelo menos pode oferecer uma opção aos bandidos.
Com dois meses e meio de uso do T4, as estatísticas foram ao encontro dele:
- Eu estava dormindo. Quando acordei, a cobradora estava de pé. Um cara estava apontando para a barriga dela uma faca de corte, dessas meio gaudérias, outro estava na porta gritando para ele se apressar. Na saída, ainda pegaram o celular de uma mulher.
No relatório da Carris, está o registro: assalto no dia 19/07/2014 às 22h05min, na Avenida Antônio de Carvalho. Os ladrões levaram R$ 93,80.
Marlus Santos Sousa, 23 anos, pegou o ônibus na parada da PUCRS rumo à casa da sogra na Zona Norte. Não usa a linha com frequência, porque tem carro - que estava estragado. Como Dafny, ele tem uma estratégia de redução de danos:
- Nunca ando com mochila aqui.
Veja o ranking de assaltos por linha de ônibus, com base em dados de janeiro de 2013 a outubro de 2014:
