
Um dia após a divulgação de novos trechos de conversas privadas nas quais o então juiz Sergio Moro passa orientações a procuradores da Lava-Jato, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o legado de seu ministro da Justiça, mas disse que não existe confiança total.
– Eu não sei das particularidades da vida do Moro. Eu não frequento a casa dele. Ele não frequenta a minha casa por questão do local onde moram nossas famílias. Mas, mesmo assim, meu pai me dizia: "Confie 100% só em mim e minha mãe" – disse Bolsonaro em uma rápida conversa com jornalistas na porta do Palácio do Alvorada, em Brasília.
Questionado se os diálogos não representariam irregularidades, o presidente fez questão de ressaltar a atuação de Moro no combate à corrupção.
– Tem um crime de invadir o celular do caboclo lá. E outra, tem programa que eu tive acesso de você forjar conversa e ponto final. O que interessa? O Moro foi responsável, não por botar um ponto final, mas por buscar uma inflexão na questão da corrupção. E, o mais importante: livrou o Brasil de mergulhar em uma situação semelhante a da Venezuela, em que estaria em jogo não o nosso patrimônio, mas a nossa liberdade – disse.
Neste sábado, Bolsonaro indicou que ninguém é inabalável no cargo e citou a situação do general Santos Cruz – sem detalhar o motivo de sua saída –, demitido na última semana da Secretaria Geral de Governo.
– Todo mundo pode ser [demitido]. Muita gente se surpreendeu com a saída do general Santos Cruz. Isso pode acontecer. Muitas vezes na separação de um casal você se surpreende: 'viviam tão bem!'. Mas a gente nunca sabe qual a razão. E é bom não saber. Que cada um seja feliz da sua maneira – completou.
As mensagens divulgadas no domingo (9) pelo site The Intercept Brasil mostram que Moro sugeriu ao Ministério Público Federal (MPF) trocar a ordem de fases da Lava-Jato, cobrou a realização de novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou ao menos uma decisão judicial.