
A menor representatividade de mulheres para a disputa de cargos eletivos só é uma problemática confrontada geralmente em anos eleitorais. E isso porque muitos partidos se veem obrigados a articular estratégias para recrutar o máximo de candidaturas femininas, sendo na maior parte dos casos, apenas visando aumentar a nominata de candidatos masculinos, uma vez que a legislação eleitoral obriga cota mínima de 30% de gênero às legendas.
A exigência, que representa menos de um terço das candidaturas, entretanto, é vista como uma meta desafiadora a cada dois anos que separam os pleitos. Não é por falta de mulheres politicamente ativas, afinal, 52,5% do eleitorado brasileiro é do gênero feminino.
Como abordado em reportagem anterior, especialistas e lideranças de movimentos que buscam combater a sub-representatividade feminina na política afirmam que o problema é um reflexo da exclusão histórica das mulheres na política.
Enquanto na teoria partidos alegam incentivar e estar em constante busca ativa de representantes políticas do sexo feminino, o fato é que números apontam o contrário. Conforme levantamento do Pioneiro, das 3.906 candidaturas (entre majoritária e proporcional) lançadas entre os 65 municípios da Serra, por exemplo, apenas 33,92% são de mulheres. Embora no cálculo incluam-se os candidatos a prefeito e vice — categorias em que não se aplica a exigência da cota mínima —, o percentual ainda representa uma candidatura feminina para cada dois candidatos homens, que abrangem 66,07% nas urnas.
Entre os 65 municípios, os únicos quatro que alcançam a dezena dos 40% são cidades com menos de 4 mil habitantes. São elas: Alto Feliz, com 40,82% das candidaturas femininas (população de 3.036 pessoas, segundo IBGE/2020); São Pedro da Serra, com 40,74% de candidatas mulheres (população de 3.842); Muitos Capões, com 40,63% (população de 3.173) e Monte Belo do Sul, com 40% (população de 2.530). Os quatro municípios, no entanto, possuem 138 candidatos ao todo, se somados. Desses, 56 são mulheres.
Entre os oito maiores municípios da Serra, as candidaturas femininas representam 33,31%, índice próximo à média geral da região, do Estado (34,1%) e do País (33,33%).
Apenas 12 candidatas a prefeita
Se para a disputa nas proporcionais, a participação de mulheres já é bastante inferior à de homens, a baixa representatividade feminina fica ainda mais evidente na disputa à majoritária, na qual não há cota de gênero obrigatória. Entre os 65 municípios da região, entre 169 candidaturas às prefeituras, apenas 12 são de mulheres, um percentual de 7,1% na proporção com a de homens, que são 157 (92,8%). Para vice, o índice melhora, mas ainda é baixo: entre os 169 candidatos, 33 são do gênero feminino, ou seja, 19,5%.
Entre as oito maiores cidades da região, 39 homens disputam a prefeitura, com apenas uma mulher candidata: Maria da Glória Menegotto (Rede), em Farroupilha.


