
De cerca de 6 mil pacientes com consulta marcada neste ano com médicos especialistas credenciados junto à rede pública de saúde de Bento Gonçalves, 711 não compareceram. O percentual de ausência é de 11,81%.
O índice corresponde a clínicas terceirizadas contratadas pela prefeitura e não engloba todas as consultas com especialistas no município, que também conta com médicos servidores em algumas áreas, como ginecologia, psiquiatria, obstetrícia e urologia. Segundo o secretário da Saúde, Diogo Siqueira, se somadas todas as consultas marcadas na rede pública, o percentual de ausência chega a 15%.
Apesar de o número ainda ser alto, segundo o secretário, no entanto, o índice de faltas está menor do que o do ano passado, quando ficou em torno de 20%. Em 2018, 8.237 pacientes faltaram a consultas com especialistas na rede pública de Bento.
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Siqueira analisa a redução a partir da adoção, no ano passado, do novo modelo de terceirização das consultas com especialistas. Clínicas médicas particulares podem se credenciar junto à prefeitura, em contratos que podem ser prorrogados por até cinco anos. As consultas são marcadas pela Secretaria da Saúde para os pacientes da rede pública nessas clínicas. Conforme o secretário, nesse modelo, a prefeitura paga apenas pelas consultas que efetivamente são realizadas.
— Se o paciente faltar, o município não paga. Com isso, é do interesse das clínicas garantir que a pessoa não falte. Então, as clínicas entram em contato com o paciente para confirmar a consulta dias antes — explica, acrescentando que, quando as clínicas não conseguem contato com o paciente para confirmar, comunicam a secretaria para agendar outros pacientes no lugar.
Cerca de 30 clínicas estão credenciadas prestando o serviço atualmente em Bento Gonçalves, em contratos individuais. Siqueira defende o modelo em relação ao contrato de apenas uma empresa para terceirizar as consultas em geral, como ocorria anteriormente.
— Não é o ideal ficar na mão de uma empresa apenas — pondera, considerando que pode haver suspensão generalizada nos atendimentos por conta de algum problema na empresa ou por falta de algum pagamento do município, por exemplo.
Outra situação no modelo anterior é que, havendo ou não consulta, o município pagava pelas horas do médico de qualquer forma.
Esse modelo de terceirização segue na atenção básica do município, com os médicos dos postos de saúde. Uma licitação inclusive deve sair em breve, conforme Siqueira, para prosseguir com o sistema, já que o contrato com a empresa que atualmente presta o serviço está próximo do fim.
Conforme o secretário, esse modelo será mantido na atenção básica porque é necessário ter profissionais atendendo de maneira fixa dentro da estrutura da saúde pública do município, como nos postos dos bairros, o que segundo ele não precisa ser o caso das consultas com especialistas.
— O ideal seria se tivéssemos médicos concursados. Mas é complicado porque, quando abrimos concurso, poucos aderem. Alguns dos que entram acabam saindo depois, porque o salário não atrai — avalia.
Enquanto os médicos nos postos atuam por contrato com empresa terceirizada, os demais profissionais da saúde, como enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas e dentistas, são concursados.
Para a marcação das consultas com especialistas, o paciente deve necessariamente ser encaminhado por um profissional no posto de saúde do seu bairro. Em novembro do ano passado, a prefeitura contratou um médico por concurso público para um regime de 40 horas com a finalidade de atuar na regulação da marcação de consultas e também do encaminhamento de cirurgias e exames.
Cabe a esse médico fazer a triagem dos encaminhamentos que chegam dos postos de saúde; ele destina os pacientes aos especialistas ou, em alguns casos, pode não marcar a consulta e reencaminhar o paciente ao posto de saúde para avaliação e exames complementares. Conforme o secretário, quando esse profissional estiver afastado ou em férias, a triagem vai parar no período.
— Vai ocorrer essa parada na triagem nos 15 dias das férias do médico. Mas isso será somente para os casos eletivos. Questões de urgência são encaminhadas diretamente — explica Siqueira.
O secretário ainda defende que o novo modelo que vem sendo adotado desde o ano passado tem contribuído para um esforço na redução da fila de espera do município, caso da oftalmologia, cardiologia e neurologia. Segundo ele, a gastroenterologia é a especialidade que tem a fila maior atualmente, com 600 pessoas de um total de 5 mil pacientes, somando exames e consultas com especialistas.