Adriano Duarte
Isaias Sagaz Fabro, oito anos, que deixou a UTI do Hospital Geral (HG) após ser atropelado por um Astra ao lado da avó, na tarde de segunda-feira, é um sobrevivente do confuso trecho da BR-116, próximo ao posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A avó dele, Rosalina Rodrigues Sagaz, 66, morreu na segunda à noite, no Hospital Pompéia.
Em qualquer horário, pedestre não tem vez no Km 147, pois a organização do trânsito converge para o benefício dos carros. É uma constatação simples, e que se soma a outros tantos locais perigosos ao longo do trecho urbano da rodovia.
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Rosalina e o neto tentavam atravessar a estrada para chegar a uma parada de ônibus, no lado oposto da entrada do bairro Diamantino. Dali, seguiriam para o Centro. Poderiam ter optado pelo trajeto onde há sinaleiras para pedestres, o que obriga uma caminhada em ziguezague: o pedestre é forçado a fazer a travessia de uma pista, caminhar alguns metros pelo canteiro central em sentido contrário e só então acessar o caminho da outra sinaleira.
Dá para entender porque a mulher teria decidido cruzar a rodovia em linha reta, a exemplo de outras pessoas que se arriscam na BR. Foi fatal para Rosalina. Isaias, por sua vez, se recupera num quarto do HG.
Veja mapa do trecho onde avó e neto foram atropelados na BR-116: Se o esquisito sistema de sinaleiras não é convidativo, o risco é potencializado pelo cruzamento dos veículos: além da BR, o local absorve o tráfego que vem da Perimetral Norte e do bairro Diamantino, em sentidos opostos. Quando a sinaleira da BR fecha, o trânsito é liberado para os veículos cruzarem a pista ou seguirem na BR em direção a Ana Rech. Na prática, não há folga para pedestres, o que força muita gente a caminhar por entre os veículos, caso de Rosalina e de Isaias.
Outro problema recente é a faixa de segurança, sob o conjunto de semáforos para veículo, que sumiu com a recuperação asfáltica da rodovia. A PRF solicitou a repintura ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mas a resposta ainda não veio. O pedestre também é acossado pela irregularidade das calçadas. Em alguns pontos há passeio público, em outros o recuo inexiste. Não resta alternativa senão seguir pelo acostamento.
Apesar do acidente fatal envolvendo avó e neto, a PRF não registra atropelamentos com frequência ali. Os casos seriam raros, um ou dois por ano. O policial rodoviário federal, Yuri Schenkel, ressalta que o caso da avó e neto poderia ter sido evitado se a mulher tivesse optado pela travessia perto da sinaleira.
Ainda assim os responsáveis pela BR e pelo Dnit poderiam reavaliar a sinalização e humanizar o trecho. Vidas seriam poupadas.