O polêmico Ilegal tem exibição nesta quarta-feira, às 19h30min, na Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul. O documentário aborda a luta de um grupo de mães pela regulamentação do Canabidiol, substância derivada da maconha, para uso medicinal.
O filme mostra o caso de uma menina de cinco anos com uma epilepsia rara e sem cura que após usar o Canabidiol não teve mais convulsões. A doença da menina é parecida com a de Yorrana Cardoso da Silva, 10 anos, de Caxias do Sul. Ela tem Síndrome de West, esclerose tuberosa e autismo. A garota toma medicamento desde os seis meses, mas, conforme a mãe Rosangela Cardoso o remédio já não tem mais surtido efeito.
As convulsões, segundo ela, são cada vez mais fortes e frequentes. O medo de Rosangela é que Yorrana não resista a uma das crises. Ela não acionou a Justiça para obter o direito ao medicamento, mas pretende fazer isso em breve, pois vê no Canabidiol uma última esperança para a doença da filha:
- As crises convulsivas dela são como dois fios, um choque elétrico. Meu medo é que arrebente a veias dela e que eu perca a minha filha. Eu nunca sei o momento que vai ser (a convulsão). Mas eu sei que é isso que vai acontecer se não tiver um novo tratamento para ela.
Após a exibição do filme, haverá bate-papo com a farmacêutica e doutorando em Saúde Coletiva Fabiane Motter. Para a profissional, falta informação sobre o uso da substância para fins medicinais, por isso tanto receio quanto ao uso do Canabidiol.
- Existe ainda um grande preconceito em relação ao Canabidiol, porque é derivado da maconha. Entretanto, o que se sabe hoje é que ele não tem efeito psicoativo, ou seja, não provoca aquelas reações que a gente conhece da maconha, como falta de orientação, psicose, quadro de ansiedade. Na verdade, ele produz efeitos no sistema límbico e paralímbico, na região das emoções, e estudo estão mostrando que ele tem efeito antipsicótico, ele é ansiolítico, anti-inflamatório, sendo bastante utilizado para vários tipos de doenças. As evidências, hoje, são bem mais consolidadas na área da epilepsia na infância e na adolescência.
Em abril, a Justiça determinou o fornecimento de Canabidiol através do SUS a uma criança de Bento Gonçalves que é portadora da Síndrome de Lennox-Gastaut. Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenha liberado recentemente a importação do Canabidiol, ele ainda não possui o registro necessário da própria Anvisa para ter sua distribuição efetuada dentro do SUS.
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