Há três anos, o assassinato de Orilda de Jesus Borges Silva atormenta as irmãs da vítima, Jandira Borges da Silva e Helena Borges de Lima. Orilda, na época com 42 anos, foi assassinada na própria casa, na Rua Josephini Moreira do bairro Arco Baleno, em Caxias. Ela recebeu mais de 20 facadas. A autora do crime, indiciada por homicídio qualificado, é justamente a sobrinha da vítima: Aline Calisto da Silva, hoje com 29 anos.
No domingo, as irmãs Jandira e Helena foram até a casa onde morava Orilda e estenderam uma faixa como forma de protestar contra a lentidão do processo.
- Desde que ocorreu o assassinato não temos mais vida. Ela (Aline) assassinou a própria tia, confessou o crime e continua solta. Só queremos justiça - reclama Helena.
A explicação da demora no processo do assassinato de Orilda é a mesma para os demais: a morosidade da Justiça. Falta estrutura e servidores, aliada ao volume de trabalho.
No interior, a situação parece ser pior. Porto Alegre, por exemplo, conta com 200 juízes para uma população de 1,7 milhões. Caxias do Sul possui 17 profissionais para 435 mil pessoas. Ou seja: enquanto a capital tem um juiz para cada parcela de 8.500 habitantes, Caxias tem um para uma parcela de 25.588 pessoas.
- Somos uma Comarca de Entrância Final, como Porto Alegre, mas, enquanto lá, eles têm vários juízes e promotores que atuam apenas no júri, em Caxias, temos uma só juíza e, em boa parte do tempo, só um promotor (hoje há dois). Essa única juíza ainda acumula jurisdição na Vara de Execuções Criminais. Além disso, há que se dar prioridade nos processos de réus presos, sendo que este não era o caso - explica a a promotora Sílvia Regina Becker Pinto, da 4ª promotoria de justiça criminal.
Apesar disso, o advogado da família da vítima, Vitor Hugo Gomes, acredita na condenação da ré. Resta saber quando.
- Eu vejo a condenação como certa. As provas demonstram que a ré executou o crime, inclusive havia vestígios da pele e do cabelo da vítima nas unhas de Aline e ela mesma confessou o crime. Só falta a justiça andar para o julgamento - diz.
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