A cada ano, 20 militares deixam o 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), em Caxias. Seja por motivo de aposentadoria, licenças ou afastamentos, a falta de recurso humano é a principal dificuldade enfrentada pela corporação e, também, sentida nas ruas. Não por acaso emergem queixas corriqueiras sobre a demora no atendimento de uma ocorrência ou da ausência de rondas da Brigada Militar (BM)
Mas esse não é um problema exclusivo da Brigada Militar. Há falta de médicos no postão, fiscais de trânsito e urbanismo na prefeitura, peritos no Departamento de Peritos do Interior (DPI) e agentes na Polícia Civil. Essa escassez determina o sentimento de abandono dos cidadãos, que impulsionam, diariamente, uma enxurrada de reclamações.
O acidente que matou o músico e advogado João Darlan Bettanin, o Xiruzinho, de 48 anos, na madrugada do último domingo, e a demora para liberação do corpo é um exemplo de tudo isso. Por problemas de comunicação entre os órgãos responsáveis, familiares do músico amargaram 18 horas de espera até a liberação do corpo pelo Departamento Médico Legal (DML) de Taquara.
A funerária teve que viajar para Gramado com o corpo, a 1h da madrugada, porque em São Francisco não tinha plantão da Polícia Civil para registrar a morte. E, quando chegaram lá, disseram a eles que o sistema estava fora e não tinha como registrar.
Como alternativa, a funerária buscou a delegacia de Taquara, distante 40 quilômetros. Com isso, o caso só pode ser oficializado às 14h30min de domingo. Somente após o registro é que o DML de Taquara pode iniciar os exames para determinar a causa da morte. No DML, a falta de pessoal também foi motivo de espera, segundo os familiares. O médico plantonista só chegou ao posto no final da tarde. Com três servidores desde o final de 2012, os dois legistas e o único auxiliar de perícias trabalham em um regime de sobreaviso permanente.
A recorrente demora no atendimento do Pronto-Atendimento 24 Horas resulta do mesmo problema. A secretária de Saúde, Dilma Tessari, afirma que não há profissionais interessados em atuar no plantão.
Enquanto a escala diária deveria atuar com sete clínicos gerais, opera com três ou quatro. Com o quadro de médicos abaixo do ideal, não é de se surpreender que a demora no Pronto-Atendimento, em Caxias, leve horas e as consultas durem poucos minutos.
Foi por isso que passou o garçom, Anderson Andrade Gomes, 27, na última terça-feira. Com dores no peito e vômito, ele ficou das 11h às 17h sentado nas cadeiras do Postão aguardando atendimento. Quando foi chamado, ficou 10 minutos na frente do médico e saiu sem um diagnóstico conclusivo.
- Fui muito mal atendido, a recepcionista foi mal educada. Só me mandavam aguardar. Quando entrei, não fiquei nem 10 minutos - relata.
Precisa-se de efetivo
Falta de servidores impacta no atendimento de serviços básicos em Caxias
Só a polícia militar, por exemplo, precisaria de mais 200 profissionais
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