
O futebol gaúcho começou a atravessar a fronteira. Pelo menos esse é o indício após a ida do Grêmio para Santa Catarina, a partir da semana que vem, e a manutenção das restrições para os treinos coletivos no Rio Grande do Sul. A retomada do Estadual parece cada vez mais distante. Com o começo do Brasileiro das Séries A e B programado para o início de agosto, o prazo para que os times gaúchos se preparem para o nacional fica cada vez mais encurtado e a ida para o estado vizinho, onde as atividades coletivas estão liberadas, parece ser o único caminho.
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Segundo o modelo de distanciamento controlado do Governo do Rio Grande do Sul, as atividades coletivas só podem ocorrer em cidades onde a bandeira seja amarela. Após a atualização desta sexta-feira (3), nenhuma das cidades onde estão os 12 clubes do Gauchão apresentam essa condição.
Nas cidades dos quatro gaúchos nas duas principais divisões nacionais, a realidade é igual, na bandeira vermelha.
Além do Grêmio, que treinará em Criciúma, o Inter deve decidir na próxima terça-feira se irá para o estado vizinho, em reunião do conselho de gestão colorada. O Brasil-Pel só realizará os testes de covid-19 nos jogadores na próxima segunda, para então retomar os treinos físicos.
No caso do Juventude, a ida para Santa Catarina depende, principalmente, das finanças.
— Não tem orçamento. Mas talvez a gente precise, nem tanto pelo Gauchão, mas para começar o Brasileiro — afirma o vice-presidente de futebol alviverde, Osvaldo Pioner, explicando a condição técnica necessária ao clube na volta à Série B:
— Se continuar essa situação, como vou fazer com oito ou nove jogadores novos contratados sem um coletivo, dois ou três treinos? Se me perguntar se eu gostaria de ir, te digo que sim, mas não tem verba. Mas é uma possibilidade, que talvez nós vamos ser obrigados a ir.
Faltando três rodadas para o término da fase de classificação do returno do Gauchão, o Juventude ainda tem chances de classificação à semifinal. No entanto, a maior preocupação do time no Estadual até a parada, em 15 de março, era com o risco de rebaixamento. Como houve a definição de que nenhum clube irá cair para a Divisão de Acesso do ano que vem, o foco principal no Jaconi é mesmo no campeonato nacional. A retomada do Estadual poderia, inclusive, ser uma preparação de luxo pensando no Brasileiro.
— O Gauchão voltando, nós temos três clássicos. Pegamos Caxias, Brasil-Pel e Esportivo. Nunca faríamos uma preparação com uma qualidade dessas. São três jogaços para preparar para a B — afirma Pioner.
Caxias aguarda definição de datas

O foco no Caxias ainda é no Gauchão. Os atletas seguem trabalhando fisicamente e no aguardo da liberação dos treinos coletivos, com a expectativa de uma data para a retomada dos confrontos no RS. Até por isso, uma ida para Santa Catarina só será considerada quando houver dados mais concretos.
— No momento não há essa ideia . Havendo a data do reinicio do Gauchão, a gente pode até pensar em algo — afirma o presidente grená, Paulo Cesar Santos, argumentando sobre essa saída:
— Se não tiver a possibilidade de treinar aqui no Estado e tiver uma data definida, daí vamos ver o que podemos fazer. Mas tem que definir data. Senão, qualquer outro investimento é botar dinheiro fora.
Campeão do primeiro turno do Gauchão, o Caxias espera a conclusão do returno para, além de esperar por um adversário na final, tentar vencer a Taça Francisco Novelletto e levar o Estadual sem uma decisão. Como a dupla Gre-Nal é a principal ameaça no objetivo, a saída dos rivais para Santa Catarina pode dificultar o caminho grená.
— Estamos trabalhando para que tenha o término do Gauchão em campo. Se for dia 26 de julho, estamos trabalhando para isso. Eles (dupla Gre-Nal) já estão com mais meses de treinamento físico, agora terão a possibilidade dos coletivos. Nós ainda estamos trabalhando fisicamente. O que temos, que eles também têm, é um grupo que se conhece bem. Infelizmente, nós não dispomos de condições financeiras de ficar 15 dias fora do Estado. É mais um prejuízo que o Caxias tem. Além de arrecadação, tem mais isso — conclui Santos.