Matheus Leist decidiu mudar de planos. Campeão da Fórmula-3 Inglesa no ano passado, o gaúcho vai trocar os circuitos europeus pelos ovais e mistos dos Estados Unidos a partir de 2017.
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O piloto de 18 anos assinou contrato com a Carlin, uma das equipes mais tradicionais das "categorias de base" do automobilismo mundial, para disputar a Indy Lights.
Com isso, o foco passa a ser a Indy, e não mais a Fórmula-1. Uma situação que empolga Leist pelas oportunidades – e também pelas novidades. Afinal, a vida será toda nova na América do Norte.
Ainda se ambientando a Miami Beach, na Flórida, onde vai morar durante a temporada, o guri de Novo Hamburgo sabe que terá muito a aprender no primeiro ano. Serão pistas desconhecidas, adversários novos e um carro totalmente diferente do que utilizava na Europa. Tudo pela chance de chegar, quem sabe mais cedo do que o esperado, ao patamar mais alto da carreira.
A Lights representa o último estágio de um projeto conhecido como "Road to Indy", que prepara jovens pilotos americanos à principal série de monopostos do país. Com uma carreira voltada ao automobilismo europeu – e à F-1 como objetivo final –, Leist sempre trabalhou em circuitos mistos e de rua, tanto no Brasil quanto na Inglaterra. Agora, vai conhecer pistas históricas como Road America e o mítico oval de Indianápolis.
Para isso, o piloto nascido terá uma grande estrutura por trás. A Carlin é a atual campeã da Lights e conta com carros também na Europa. O chefe da equipe, Trevor Carlin, comemorou a contratação de Leist, rival da escuderia nos tempos de F-3 Inglesa:
– Competimos com o Matheus nos últimos dois anos e vimos em primeira mão a sua habilidade e velocidade pura. Agora temos a chance de correr juntos. A Lights certamente vai ser um novo ambiente para o Matheus, com a necessidade de uma rápida curva de aprendizagem, mas ele tem habilidade e, mais importante ainda, calma e determinação para superar esses desafios. Estou muito animado para ver o que podemos conseguir juntos em 2017.
Leia a entrevista concedida por Leist a ZH.
Como foi a negociação com a Carlin? Você pensava em trocar de foco e sair da Europa?
Em um primeiro momento, não tinha pensado em correr nos EUA, só sabia que aqui tinha mais oportunidades. Mas não imaginava vir para cá. Minha primeira opção era a Europa, a GP3. Mas eles (a Carlin) me ofereceram uma vaga para correr aqui na Lights, com um baita carro, forte, que na verdade está um nível acima da GP3. O programa para chegar à Indy dá muito mais oportunidades aos pilotos do que a Fórmula-1. A Lights dá de premiação ao campeão US$ 1 milhão e o direito de correr de Indy. É um esquema bem bacana.
Isso significa que você terá de conhecer tudo neste ano, imagino.
Vai ser tudo novo: carro, equipe, pistas. Nunca andei em nenhum circuito. Só conheço o Colton Herta (filho do ex-piloto da Indy Bryan Herta), que correu comigo em 2015, na Inglaterra.
Com essa mudança, como você vê sua carreira daqui para frente? A Indy passa a ser o principal objetivo, ou ainda permanece com o sonho da F-1?
Quero tentar ser um piloto profissional, ganhar dinheiro com isso. Agora vou focar 100% da minha carreira nos EUA para tentar chegar à Indy. Acho que tenho possibilidades. Espero que seja um ano positivo, e espero ser campeão. Se conseguir isso, tenho grandes possibilidades de subir de categoria para representar o Brasil em uma das mais rápidas categorias do mundo.
O Brasil conta com Tony Kanaan e Hélio Castroneves na Indy. Você conhece algum deles? Eles entraram em contato com você após a sua chegada?
Conheço o Tony Kanaan, corri as 500 Milhas de kart com ele. Ele me mandou uma mensagem, me desejou boa sorte e disse que pode me dar uma mão.
*ZHESPORTES