
Hotéis, hostels, pousadas e motéis de Gramado, na Serra, poderão retomar as atividades de forma parcial nesta semana. A autorização ocorreu por meio de decreto publicado no início da noite desta quarta-feira (6). O documento também permite o funcionamento de parques turísticos, áreas ou ambientes temáticos e museus, entre outras atividades do ramo. Não estão autorizados campings e serviços de aluguel de temporada, cuja uma das plataformas que oferece a modalidade, o AirBnb, está suspensa pela Justiça na cidade.
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Para que possam reabrir, contudo, os estabelecimentos precisam seguir uma série de regras e apresentar um plano de contingência para o enfrentamento da pandemia. Empreendimentos do ramo hoteleiro, por exemplo, podem oferecer somente 50% dos quartos e terão que manter fechadas áreas de uso coletivo, como piscinas e academias. No caso de hostels, que muitas vezes oferecem quartos coletivos, a distância entre as camas deve ser de, no mínimo, três metros. Beliches ou treliches não são permitidos.
Os serviços de hospedagem também terão que garantir a distância de dois metros entre as pessoas no momento do checkin e checkout e servir café da manhã somente no sistema à la carte. O decreto ainda recomenda a suspensão do serviço de manobrista e proíbe a utilização de sistemas de ar condicionado central.
Já os parques temáticos e demais empreendimentos de lazer deverão garantir o distanciamento mínimo de dois metros entre os frequentadores. Além disso, a venda de ingresso deve ocorrer prioritariamente online, para evitar filas e aglomerações.
O decreto também obriga o uso obrigatório de máscaras para todos que estiverem fora de casa, o que inclui o transporte coletivo. Cidadãos que descumprirem as medidas de segurança poderão ser multados em R$ 100, enquanto o valor para as empresas chega a R$ 3 mil.
A intenção inicial do município era liberar o funcionamento somente a partir de sexta-feira (8) para dar tempo dos hotéis apresentarem o plano de contingência. Contudo, por um equívoco interno, o decreto saiu sem o prazo. Ainda assim, o prefeito João Alfredo de Castilhos Bertolucci (PDT), acredita que a abertura não vai ser imediata devido à necessidade de entrega do documento. De acordo com ele, a não permissão de campings e aluguel por temporada ocorre devido à falta de condições de fiscalização.
— Alguns imóveis, não são a maioria, são até mesmo clandestinos. É importante que corretores e plataformas como Booking e AirBnb não fiquem ofendidos. A clandestinidade não decorre da atividade deles — observa.
Demissões na gastronomia e hotelaria
Apenas em abril o setor da gastronomia e hotelaria de Gramado registrou 815 demissões e 1.250 suspensões de contrato. O número de desligamentos representa 20% do total de quatro mil empregados que havia antes da pandemia.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Hoteleiro e Similares de Gramado (Sindihoteleiro), Rodrigo Callais, a expectativa é de que o turismo na cidade comece a reagir somente na temporada de inverno. Resultados mais consistentes, contudo, não são esperados antes do Natal Luz, isso se a pandemia não se prolongar. Se as projeções se confirmarem, não deve haver uma retomada do emprego tão cedo.
— O fato de somente autorizar a reabertura não significa retomar a economia. Dependemos da vinda das pessoas. O que temos conversados com algumas empresas é que elas não se sentem seguras em abrir. Mesmo com 50% acreditamos que a maioria vai permanecer um tempo fechada — avalia.
Já Mauro Salles, presidente do SindTur, sindicato que representa as empresas do setor turístico da Região das Hortênsias, diz não ter dados a respeito do impacto financeiro do setor. Apesar disso, aponta a queda de 90% na arrecadação de Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), a principal atividade econômica do município, pela prefeitura durante a pandemia. Ainda assim, ele acredita que o impacto no emprego poderia ser ainda pior, caso medidas não tivessem sido adotadas.
— Desde o início da crise trabalhamos para oferecer condições de acordo com as empresas. Tudo o que saiu nas medidas provisórias dos governos já tínhamos feito de antemão. Por isso acredito que tenhamos tido um número de demissões menor do que teria normalmente numa situação assim.