
O comércio e os serviços foram os setores mais impactados pela pandemia de coronavírus em Caxias do Sul. A conclusão é de um estudo do Observatório do trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), divulgado nesta quarta-feira (13). Os dois setores respondem por 50,7% do total de empregos na cidade. A indústria, que sozinha emprega 40% dos caxienses, vem na sequência dos setores que mais sofreram.
O levantamento não apresenta números de demissões porque o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede a movimentação no mercado de trabalho, não divulga dados desde janeiro. Ainda assim, foi possível identificar 500 desligamentos na indústria e 60% de aumento nas solicitações de seguro-desemprego em abril, na comparação com o março.
— A estimativa é de haja um número bem maior do que se conseguiu medir — afirma Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, coordenadora do Observatório do Trabalho.
De acordo com o estudo, Caxias fechou o ano de 2019 com 157,4 mil empregos formais e a expectativa de crescimento nas vagas para este ano. A pandemia, no entanto, inverteu a tendência e não há como prever quanto tempo levará para a retomada. O comércio, por exemplo, está deixando de faturar R$ 3,6 milhões por dia, uma queda de 58% no faturamento, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias.
— As pessoas estão consumindo menos e não temos uma perspectiva de quando isso vai terminar. O Rio Grande do Sul e Caxias podem ser privilegiados pelo baixo número de casos, mas não adianta a gente melhorar sozinho se o Brasil não melhorar. Até o fim do ano é pouco provável que estejamos com tudo normal e podemos dizer que teremos um novo normal. Muitas coisas foram aprendidas, tivemos aumento no e-commerce, as pessoas estão mais em casa, mudaram os hábitos. Isso também impacta a economia — projeta Lodonha.
O levantamento também aponta que ao menos 800 CNPJs foram encerrados em Caxias durante a pandemia e os trabalhadores informais foram os mais atingidos. Além disso, o Auxílio Emergencial, liberado pelo governo federal, deve apenas amenizar o impacto. O balanço de 2020 deve ser mesmo maior para o fechamento de postos de trabalho do que para a criação de novas vagas.