
Um levantamento realizado pela UCS de Bento Gonçalves, através do programa de pós-graduação em administração, em parceria com a Associação dos Profissionais e Empresas em Serviços Contábeis de Bento Gonçalves (Apescont/BG), mostrou números alarmantes sobre a realidade das empresas do munícipio ante os impactos da covid-19. Na pesquisa realizada nos dias 30 e 31 de março, ficou constatado que 22% das empresas da cidade, entre as 1056 pesquisadas, não têm recursos próprios para encarar o período onde as atividades estão parada ou funcionando parcialmente.
Ou seja, quase 1/4 das empresas de Bento Gonçalves analisadas já sofreram impacto imediato com as medidas de distanciamento social definidas pelos governos. Além dessas, outras 40% apresentavam até o momento da pesquisa condições de aguentar mais 15 dias com suas próprias receitas. Contando que no momento do levantamento já eram duas semanas de paralisação total ou parcial das atividades, o tempo máximo de resistência dessas empresas durante a pandemia do coronavírus era de, no máximo, um mês.
O levantamento e a pesquisa foram realizados antes das medidas lançadas pelo Governo Federal com incentivos às empresas, onde 30% dos salários dos funcionários de algumas delas serão pagos pelos cofres do tesouro nacional e os outros 70% podem ser financiados através de empréstimos bancários.
Naquele momento, segundo relata o professor Fabiano Larentis, um dos realizadores da pesquisa, 48% das empresas analisadas em Bento Gonçalves não tinham qualquer planejamento de como passar por esse período:
— A pesquisa foi uma fotografia do momento, onde as medidas do Governo Federal não haviam sido apresentadas. Deu para perceber que há todo um temor quanto a pagamento de salários e de outras despesas, de manter o negócio. E que boa parte das empresas não definiram e não pensaram na elaboração de um plano. Isso é outro plano crítico e que chama a atenção da gente.
Segundo Larentis, a busca por notícias mais precisas sobre o período é uma das razões para que vários empresários aguardem para uma estratégia mais agressiva durante a pandemia.
— As empresas estão aguardando por informação. Qual será o tipo de quarentena, como o mercado vai reagir, as informações de auxílio do governo, que até aquele momento não estavam muito claras — afirma o professor, alertando para um grupo que corre risco por conta de dados de menor precisão:
— Tem um contingente que tem uma informação mais superficial a respeito dos fatos. É algo que preocupa, porque se a empresa não tem informações mais fidedignas, ela pode tomar decisões mais baseadas em especulação.
Os números levantados na pesquisa já foram apresentados para o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, para que o panorama econômico da cidade possa ser trabalhado junto ao poder público.