
A Moldar Matrizes está prestes a comprar uma máquina da China que irá agilizar os processos e garantir maior produtividade na empresa caxiense. E por um preço considerado em conta. O negócio é um dos primeiros resultados concretos de uma viagem feita ao país em março por uma comitiva 12 pessoas, que representavam oito empreendimentos brasileiros, sendo cinco de Caxias do Sul.
— É uma máquina que vale por três e bem mais barata do que uma europeia. Vai substituir três máquinas, de desbaste, furação e acabamento. Na furação, por exemplo, é 10 vezes mais rápida — conta, entusiasmado, William Menzen, da Moldar.
A viagem foi organizada por Cristian Pavan, diretor da Eurostec, importadora e distribuidora de máquinas-ferramenta e injetoras, com sede em Caxias. Com unidade também na China, ele queria que mais empresários da cidade conhecessem a indústria do país mais populoso do mundo.
A comitiva percorreu 18 empresas de médio e grande porte, como a Huawei, maior matrizaria do mundo, segundo Pavan. A Volkswagen-Faw, responsável pela montagem da linha Audi, e a Gree, maior fabricante de ar-condicionado do mundo, também estiveram no roteiro.
Conforme Pavan, a ida a China deu noção de como o Brasil está atrasado. Como exemplo, ele cita que, em algumas empresas, a etapa de um molde chega a ser 80% automatizada. Para absorver a tecnologia chinesa, acordos foram firmados para intercâmbio de ideias, assim como parcerias para importação de peças:
— Todo mundo voltou feliz de lá. Voltaram enxergando de maneira diferente. A indústria 4.0 é o caminho a ser trilhado.
Mesmo sem previsão de uma nova viagem, já há interessados. A fila de espera já tem, pelo menos, 20 empresários.
Nova visão
Cristian Pavan morou por 11 anos na China e se incomodava com a visão preconceituosa que alguns brasileiros tinham do país. Esses foi um dos principais motivos que o fez organizar a viagem. As duas semanas, entre 10 e 23 de março, proporcionaram um novo entendimento da indústria chinesa, destaca:
— Foi um choque de realidade. Eles (empresários brasileiros) não faziam ideia que uma matrizaria podia alcançar o patamar que viram lá.
Menzen, da Moldar Matrizes, confirma que se surpreendeu com o que viu. Ele admite que tinha certa desconfiança com os produtos chineses – acreditava que eram de má qualidade e pensava que o trabalho escravo era regra nas fábricas. O avanço tecnológico e profissionais qualificados foram os pontos que mais impactaram Menzen.
— Aqui falta mão de obra qualificada aqui. Enquanto lá tem 20 programadores numa fábrica, aqui tem um. Lá tem muita gente na engenharia e pouca na linha de produção — destaca, acrescentando que o cenário não representa demissões, mas realocação de funções.
Empresas que participaram da missão:
De Caxias
> Moldar Matrizes
> EMR Plast
> Romak
> Biker
> Eurostec
De São Paulo
> Usifer
> Lumatech
Minas Gerais
> GSU Usiret