A retração no consumo de Caxias, que fez o comércio acumular perdas de 25,5% nos últimos 12 meses, vem modificando o comportamento das pessoas endividadas da cidade. Em julho, o número de exclusões no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) caiu 23,55% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Por outro lado, baixou também a quantidade de inclusões de débitos: houve queda de 16,34% nesse mesmo período, o que amenizou a escalada de inadimplentes.
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Os dados mostram, portanto, que o caxiense está tendo mais dificuldades para pagar suas obrigações do que em outros tempos, já que o aumento do desemprego gera perdas significativas no poder aquisitivo. Sabendo disso, o consumidor também está mais consciente, evitando ao máximo se comprometer com dívidas que talvez não consiga honrar – o que motivou a queda nas inclusões.
– A longo prazo, a tendência é que teremos uma saída maior de pessoas do SPC. O consumidor tem mostrado um comportamento mais consciente _ analisa Mosár Leandro Ness, assessor de Economia e Estatística da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul (CDL).
Atualmente, existem 73.702 pessoas cadastradas no SPC de Caxias. No mesmo período do ano passado, o número era de 70.191.
Para aliviar os prejuízos causados pela inadimplência, os comerciantes apostam na flexibilização na hora de negociar. Segundo Ivonei Pioner, diretor da CDL, assim como os consumidores aprenderam a lidar com uma nova realidade no orçamento, os lojistas também se adaptaram às necessidades dos clientes:
– Muitos comerciantes estão abrindo mão da correção das dívidas e dos juros. Outros também parcelam débitos, prática que não era comum. Tudo isso facilita bastante a situação de todo mundo – relata.
Renda comprometida
Em todo o país, a situação da inadimplência também preocupa: depois de seis meses consecutivos de queda na comparação mensal, o endividamento das famílias brasileiras voltou a subir em agosto, indo a 58%, o que mostra que mais da metade delas seguem endividadas. Em julho, o índice era de 57,7%. A informação foi divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Na avaliação da economista da CNC, Marianne Hanson, o endividamento vinha caindo, não em função da melhora das condições das famílias, mas por causa do receio de consumir e da situação econômica do país como um todo.
– Essa mudança de comportamento pode indicar alguma melhora, porém, as altas taxas de juros e o mercado de trabalho desaquecido continuam sendo um entrave para a retomada das compras. As famílias ainda estão inseguras para consumir ou contrair novas dívidas – analisa.
A pesquisa apontou ainda que, do total das famílias brasileiras, 21,6% têm mais da metade da sua renda comprometida com o pagamento de dívidas. O tempo médio de atraso para pagar as dívidas foi de 63,3 dias. Já o tempo médio de comprometimento com as dívidas é de 7,2 meses, sendo que 34,9% possuem dívidas por mais de um ano.
Inadimplência
Em Caxias, número de exclusões do SPC caiu 23,55%
Consumidor está entrando menos no cadastro de inadimplentes, mas saída também diminuiu
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