Não são só a indústria e o comércio caxiense que amargam resultados negativos em 2015. A agricultura da cidade - a maior produtora de hortifrutigranjeiros do Rio Grande do Sul - também vem acumulando prejuízos nos últimos meses após geada fora de época, queda de granizo e, atualmente, chuva constante. O problema mais recente, o excesso de umidade, atinge a qualidade dos alimentos em formação e impede a plantação de novos como consequência do solo encharcado. Para o consumidor, o impacto também chega: com menos oferta no mercado, os preços estão inflacionado e alguns itens já apresentam aumento de mais de 100%.
As hortaliças folhosas (como alface, chicória, repolho e rúcula), assim como o morango, são os produtos mais afetados neste primeiro momento, avalia Eduardo Slomp, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Caxias do Sul (Sindigêneros). Nesses casos, o excesso de chuva danificou boa parte da produção de áreas abertas, sem proteção.
- O que está salvando um pouco o abastecimento nos súpers são as produções em estufa, mas não há fornecedores o suficiente para atender o mercado todo. Então, estamos vendo a oferta diminuir, o valor aumentar e a qualidade baixar - relata Slomp.
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As produções de brócolis e couve-flor também foram impactadas, mas de outra forma. Com a chuva, o desenvolvimento desses alimentos acelerou e agora está sobrando oferta no mercado, o que justifica a queda nos preços. Daqui uns 15 dias, por outro lado, alerta o gerente-técnico operacional da Ceasa/Serra, Antonio Garbin, vai faltar brócolis e couve-flor no mercado, já que a colheita ficou concentrada no mesmo período.
As demais culturas também estão sendo atingidas e o os reflexos vão chegar no orçamento das famílias em médio prazo. Ao contrário da geada e do granizo, reitera Garbin, as chuvas abundantes atingem todas as plantações.
- O reflexo vai chegar até mesmo nas frutas e nos legumes que estão em entressafra, porque a chuva em excesso interfere no tratamentos das culturas, no combate às doenças, no desenvolvimento. Então uva, pêssego, ameixa, caqui, todas essas passam por dificuldade e diminuirão a oferta na hora da colheita - prevê.
Há cerca de um mês, os produtores de Caxias enfrentaram uma forte geada que atingiu de alguma forma pelo menos 35% dos pomares de fruta, como uva, pêssego, ameixa e caqui. Na mesma semana, quedas de granizo em pontos isolados da cidade pioraram a situação. Agora, a chuva castiga todas as plantações em um ano que, antes mesmo de todas essas intempéries, já não era considerado bom pela falta de frio:
- Para os produtores, esse é um ano para ser esquecido - resume Rudimar Menegotto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias.
Agricultura
Excesso de chuva castiga produtores e atinge bolso do consumidor de Caxias
Umidade é mais um fator climático que preocupa após geada, granizo e calor no inverno
Ana Demoliner
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