Ana Demoliner
Depois de um 2014 retraído na indústria metalmecânica, com mais de 5 mil postos de trabalho fechados no setor, o ano começou ainda mais preocupante para as indústrias caxienses. A ociosidade, segundo o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), chega a 40% no setor fabril. O alto índice de inatividade fez com que boa parte das gigantes da cidade anunciasse férias ou flexibilização de jornada para o período do Carnaval.
A Marcopolo, por exemplo, vai parar durante 10 dias, de 16 a 25 de fevereiro. As férias coletivas afetarão 11 mil trabalhadores. Já a Guerra anunciou férias seletivas compreendendo apenas os colaboradores do turno da noite. O período, porém, é maior: 30 dias.
A Randon também já confirmou que irá parar, mas os detalhes ainda não foram divulgados. Vale lembrar: os trabalhadores dessas empresas acabaram de retornar de outras paralisações coletivas no período do Natal e Ano-Novo.
A decisão de parada no Carnaval, que é considerada histórica na cidade conhecida por sempre trabalhar durante o período, pretende evitar ainda mais demissões no setor. Mesmo assim, estima o Simecs, até abril serão cerca de 1,5 mil postos de trabalho a menos somente em 2015.
- As pequenas e médias empresas seguem desligando neste início de ano. Já as grandes pararam de contratar, o que também impacta muito já que a rotatividade é grande e os postos não estão sendo repostos - explica Getulio Fonseca, presidente do Simecs.
O principal motivo da retração segue sendo o mesmo registrado no início do ano passado: as dificuldades de financiamento encontradas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2015, entretanto, o fator conta com um agravante:
- No ano passado tínhamos pedidos, tínhamos clientes, mas não tínhamos taxas definidas de financiamento, o que emperrava as negociações. Agora as taxas dobraram - mas ao menos estão definidas - e os clientes sumiram - lamenta Fonseca.
A retomada, acredita o dirigente, deve vir no segundo semestre deste ano se as medidas econômicas de contenção de custos conseguirem estabelecer a economia nacional. Antes disso, a partir de março, o setor espera que a safra da soja comece a amenizar as perdas do setor.