
Neste final de semana que antecede o final de mais um verão, o Almanaque relembra a passagem de caxienses pelo Balneário de Camboriú, em Santa Catarina, à medida em que relata a transformação arquitetônica do lugar. Cercado por encantadoras praias, como Bombinhas, Cabeçudas, Laranjeiras e do Beto Carrero World, Camboriú concentra uma história que mostra a evolução hoteleira e causa admiração pela prosperidade imobiliária.
Os caxienses, acostumados a veranear no litoral gaúcho, encantaram-se com um novo estilo de lazer—hoje, é comum encontrar nostálgicas fotografias do refúgio catarinense em álbuns de caxienses. Entre os contemporâneos da década de 1970, destaca-se Glacir Dall" Onder, que estabeleceu uma relação de cumplicidade e paixão com a praia. Ele escolheu Balneário Camboriú pelo sossego e pela beleza natural.
Ali, teve o prazer de ver os três filhos crescerem em verões inesquecíveis, ao lado da mulher, Vera. O filho Alexandre recorda que, no início da década de 1970, a família alugava uma casa e, em 1979, adquiriu um apartamento na Avenida Atlântica, com vista para o mar. Do 16º andar, na janela de sua sala de estar, o empresário testemunhou o progresso imobiliário. Perceptivo e consciente de que a evolução urbana de Camboriú era algo incomparável, começou a registrá-la com uma máquina Canon. O acervo de imagens reproduz um estágio de 40 anos e eterniza essa transformação.
Entre as imagens que refletem um comparativo contrastante, identifica-se a visão do edifício Maria Amélia, no sentido da Barra Norte. Na imagem antiga, de dezembro de 1979, o cenário mostra-se repleto de prédios. Percebe-se a Avenida Atlântica com seu arvoredo jovem e os carros estacionados. Já na imagem de 2004, as frondosas árvores escondem a avenida. O mosaico de enormes edifícios sugere variadas interpretações, mas, inegavelmente, Balneário Camboriú tornou-se uma referência do turismo brasileiro, atraindo também estrangeiros. Na aferição das duas paisagens, é possível perceber o famoso Hotel Marambaia, inaugurado em 1964, e que representa um dos ícones nostálgicos do glamouroso ambiente de Camboriú.
Famosa no Brasil e Exterior

No contexto histórico, identifica-se muitos caxienses que migraram por Camboriú há mais de 50 anos. Domingos Demori, que chegou a integrar a diretoria a Associação Amigos de Capão da Canoa, mudou-se para Camboriú em 1970. O filho Titi Demori (foto), 57 anos, quando menciona fatos dos primórdios, inevitavelmente associa a paisagem então bucólica praia com o atual e efervescente crescimento imobiliário.
— Havia apenas meia dúzia prédios — recorda, em tom saudoso.
A presença evidente de famílias caxienses em Camboriú foi motivo de uma reportagem da colunista social Margot Sauer. Na edição de 22 de janeiro de 1977, Margot relata que recebeu acolhimento de amigos caxienses, entre os quais Glacir Dall' Onder. A jornalista descreveu os encantamentos de um ambiente badalado do verão brasileiro. Na sua percepção, ficou também registrado o impressionante crescimento de inúmeros prédios na Avenida Atlântica, sendo denominada como Copacabana do Sul, numa alusão à praia carioca, que possui um desenho semelhante da orla e muitos prédios.
Na década de 1970, a fama de Camboriú estava consolidada pelo país e no Exterior. Passear ou viver ali era um sonho de muitas pessoas. O empresário Selenio Raug, 86, foi até lá com a intenção de repousar. No entanto, a inquietude empreendedora e a sensibilidade pelo bom gosto estimularam a ele investir numa franquia de sorvetes, a La Basque. Para descansar, então, só depois da volta às aulas, quando Camboriú retomava a a calmaria na estação outonal. Entre as lembranças, destaca um Carnaval na praia, cujo divertimento era também auxiliar a retirada de carros que atolavam na Avenida Atlântica. Depois de residir durante 15 anos nesta praia, Selênio retornou a Caxias do Sul, há 20 anos.
A disputa por quartos de hotéis

Balneário Camboriú sustenta o turismo brasileiro com diferenciais de alto padrão na hotelaria e gastronomia. Muitos caxienses optaram pela praia muito antes dela "virar moda", porque o ambiente oferecia diferenciais de lazer e recreação.
No ramo hoteleiro, marcou época o germânico Hotel Fischer. Inaugurado em 1957, o estabelecimento harmonizou-se com o crescente fluxo de visitantes. Em 1970, era ampliado um novo anexo. Em 2012, encerrou seu ciclo, deixando um expressiva história. O patrimônio de 550 fotos inspirou a elaboração de um livro de memórias.
A procura por dormitórios na cidade faz parte de uma curiosa história contada por Moacir Felippi, que frequenta Camboriú desde os anos 1980. Ele lembra que teve que pedir emprestado uma barraca de Luciano Cesa, pois não conseguiu alugar um apartamento na alta temporada. Este era o inconveniente do verão de Camboriú, conseguir vaga na disputada hotelaria. Felippi encontrou a solução ao adquirir um apartamento e testemunhou o desenvolvimento urbano.
Dubai brasileira: Numa reportagem televisiva, de abrangência nacional, em janeiro deste ano, a cidade que desperta atenção pelo seu permanente investimento em prédios milionários, confirmou o vigor de seu potencial. Naturalmente, Camboriú foi comparado como a Dubai brasileira. A grande procura por imóveis nesta cidade denota a excelente qualidade turística.
Curiosidades:
Camboriú possui 120 mil habitantes fixos, recepcionando mais de 4 milhões de visitantes que se revezam no trimestre da estação de verão.
Da atual geração de veranistas caxienses, Wagner Schiochet, 39 anos, enfatiza que a distância entre sua casa, no bairro Colina Sorriso, com Camboriú: 523 quilômetros, que exigem 6h30min de viagem de carro.