Você vai ouvir falar dela, com certeza. Marina Provenzzano, 31 anos, é uma atriz carioca que chama atenção por grandes olhos azuis e pela capacidade de preencher a tela com sua presença dramática. A primeira visita dela ao Festival de Cinema Gramado dá conta de apresentá-la muito bem, já que está no elenco de dois filmes: O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues e que abriu a programação do festival; e Mormaço, de Marina Meliande. Ainda neste ano, também será possível conferir o trabalho dela em Legalize Já, filme que remonta a história do grupo Planet Hemp.
— Não sou uma atriz conhecida, fiz pouquíssima coisa em televisão, então estar aqui é uma forma de poder mostrar meu trabalho de forma genial. É tipo, "oi estou aqui, você tem dois filmes para ver a minha variação de atriz" (risos) — brinca ela.
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Apesar de O Grande Circo Místico e Mormaço serem muito diferentes entre si – o primeiro oferece deleite estético ao homenagear o universo circense enquanto o segundo tem uma veia política muito mais forte ao acompanhar a história de resistência de famílias desalojadas durante as obras das Olimpíadas do Rio – Marina consegue enxergar alguma semelhança entre suas personagens em ambos os filmes:
– Acho que uma conexão é que as duas têm muito silêncio e eu brinco que eu sofro bem na câmera, só faço mulher que sofre. Mas tem ali uma coisa em comum de um lugar de uma dor e de um cansaço, tem uma semelhança nisso.
Filha do Tablado, uma das escolas de teatro mais tradicionais do Rio, Marina também é formada em Cinema e, recentemente, morou em Berlim para aperfeiçoar estudos. Em Mormaço, concorrente da mostra competitiva de longas brasileiros que estreou em Rotterdam (Holanda), ela também envereda para o lado mais político do cinema ao lado da diretora Marina Meliande.
Na telona, a atriz vive uma advogada que luta pelos direitos de famílias que estão sendo desalojadas pelas obras na Vila Autódromo, paisagem modificada por conta das Olimpíadas do Rio. A equipe constrói a história do longa permeada por casos reais de famílias que foram despejadas contra a vontade. Essa proximidade com a história verdadeira dessas pessoas acabou por transformar a atriz.
– Foi muito forte, me deu a chance de entender algo que eu só via pela televisão, pela mídia. Aquilo era um bairro, as pessoas tinham posse de terra. É a destruição de um bairro de gente pobre, falando com um termo bem pejorativo, que eu imagino que é a visão do governo que decide ir lá e tirar aquela gente de lá. E encontrar aquelas três mulheres (personagens que ajudam a construir o filme), que estavam ali lutando com a polícia de um jeito de mulher lutar, que é permanecer ali, para mim foi uma lição de resistência. E pelo viés da doçura quando você está passando pela situação mais tenebrosa. Foi uma lição de resistência num filme que também é extremamente feminino, com uma cabeça de equipe formada por mulheres. Isso, num mundo em que a gente pede mais representatividade, também foi um pequeno oásis.
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